Guilherme de Paulus, fundador da CVC, responde a série Pitch, do site de Pequenas Empresas & Grandes Negócios
Mais de 30 milhões de brasileiros já embarcaram em uma viagem com a ajuda da CVC. A agência de turismo, criada em 1972, na cidade de Santo André, na região do Grande ABC Paulista (SP), possui hoje mais de mil lojas franqueadas e 6.500 agências credenciadas no Brasil. Além das agências, o Grupo CVC administra o Submarino Viagens e Rextur Advance, adquiridos em 2015. Juntas, as três empresas movimentaram R$ 8,6 bilhões em reservas confirmadas no ano passado.
Em 2010, o Carlyle, um dos maiores fundos de private equity do mundo, comprou 63,6% do controle da CVC e organizou a companhia para sua abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), em 2013.
Desde a década de 1990, a empresa ficou conhecida por fretar voos inteiros para seus clientes e usar os shoppings como principal local de instalação.
Para Guilherme de Paulus, fundador da CVC, sua grande ideia foi oferecer viagens acessíveis para todos os bolsos. “A principal inovação da companhia foi ter iniciado sua atuação com viagens de lazer para trabalhadores”, diz.
O empreendedor não se enxerga em outro mercado. Além da CVC, é dono da GJP Hotéis & Resorts, que responde pela gestão de 19 hotéis e resorts no Brasil, e já esteve no mercado de aviação. Em 2006, adquiriu a companhia aérea Webjet, na época com duas aeronaves, e vendeu para a Gol, cinco anos depois, com uma frota de 20 aviões.
Paulus é o empresário da semana na série Pitch, do site de Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Nome: Guilherme de Jesus Paulus
Idade: 67 anos
Onde nasceu: São Paulo (SP)
Onde mora: São Paulo (SP)
Que empresa fundou: CVC
O que faz: Sou fundador e presidente do Conselho de Administração da CVC, a maior operadora de viagens das Américas.
Quem o inspira no empreendedorismo: Confesso que muitos líderes me inspiram no Brasil e no mundo. Mas sempre que falo de empreendedorismo, me lembro bem da história de Hafid, um guardador de camelos que ficou rico nos tempos de Jesus Cristo. Ele é o personagem do livro “O Maior Vendedor do Mundo”, um best-seller de 1968 de Og Mandino, que basicamente reforça que a chave do sucesso, para o empreendedor, é encontrar sua verdadeira personalidade e fazer com satisfação e bem-estar tudo aquilo que se propõe.
Qual negócio queria ter criado: Particularmente, não me vejo em outro segmento que não fosse o de turismo e viagens. Depois da CVC (em 1972), criei a GJP Hoteis & Resorts em 2005 (hoje, com 19 empreendimentos hoteleiros no Brasil, e uma empresa independente da CVC) e, logo depois, também realizei o sonho de ter uma companhia aérea, quando em 2006 adquiri a Webjet (até então com duas aeronaves), que chegou a ser a terceira companhia de aviação do país e mais tarde, em 2011, vendi para a GOL (com 20 aeronaves e 22 rotas domésticas).
Ser empreendedor é: Ser completamente antenado com tudo e com todos. É fundamental conhecer o mercado que se atua e seus competidores em detalhes. Para ter sucesso, não existe uma fórmula pronta. O caminho é trabalhar intensamente e ter uma rede sólida de parceiros, porque dificilmente você cresce sozinho. O sucesso é resultado de 5% de inspiração e 95% de transpiração. Outra dica é inovar, saber ouvir especialistas, observar o mercado e perseverar sempre.
Como ser um bom chefe: Um bom líder é aquele que consegue ser uma referência e um bom exemplo de inspiração para os que estão ao seu redor. Desenvolver uma equipe eficaz é fundamental, mas ainda mais importante é ter bons seguidores, profissionais determinados que também permitem uma troca de ensinamentos. Não basta indicar o caminho e acertar mais do que errar. É importante saber ouvir e ser humilde.
Um sucesso: Sem dúvida, a história da CVC é um sucesso. Fico muito orgulhoso ao ver que a empresa se consolidou, hoje está entre as cinco maiores operadoras do mundo e foi precursora em várias frentes no Brasil, tais como ao ser a primeira operadora a implementar nos shoppings o conceito de varejo para o turismo e também a primeira e única, atualmente, a entrar na Bolsa de Valores (em 2013).
Um fracasso: Há mais de 10 anos, tentamos abrir filiais no exterior, para trazer estrangeiros ao Brasil, e isso não deu certo. Chegamos a ter lojas em Miami e em Paris, mas aprendi que o Brasil ainda guarda oportunidades incríveis para o crescimento da companhia.
O que não pode faltar num negócio: Destreza de seus líderes para identificar as mudanças do mercado e adaptar seus negócios com velocidade e assertividade.
Já faliu: Nunca.
Em qual negócio jamais apostaria: Naquele que não traria lucro. Basicamente, todo negócio que gere receita maior que despesa, que tem potencial de crescimento e consolidação e, claro, lucro, já é um ponto de partida para ser um bom negócio.
Sua principal inovação: A principal inovação da companhia foi ter iniciado sua atuação com viagens de lazer para trabalhadores. Esse é a verdadeira essência da CVC e que permanece até hoje. Mostrar que viajar é democrático, que a família média brasileira pode e merece realizar esse sonho – seja pelo Brasil ou exterior. Por isso, a companhia sempre criará alternativas para que a viagem caiba no orçamento familiar, independente de crise ou não.
Um desafio: Para todo empreendedor, o principal desafio é construir e perpetuar legado de seu negócio como uma história única, verdadeira e de sucesso, de forma duradoura.
Um medo: Tenho medo de gente pessimista. O otimista pode até errar, mas o pessimista, com certeza, já começa errando.