O setor óptico brasileiro também sofre com a crise econômica. Acostumado com crescimento anual acima de 25%, em 2015, sofreu uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Para 2016, a previsão da Abióptica (Associação Brasileira da Indústria Óptica) é de uma queda entre 1% e 2%. A entidade realizou, durante os dias 13 e 16 de abril, em São Paulo, a Expo Abióptica 2016, maior evento do setor óptico da América Latina e terceiro maior do mundo.
“Tivemos uma agradável surpresa nesta edição, com vários negócios sendo fechados. O evento apontou para um cenário mais favorável”, afirma o presidente da Abióptica, Bento Alcoforado. Segundo ele, mesmo com o consumo em baixa, as empresas estão criando alternativas para driblar as dificuldades, com redução de custos, aprimoramento da política de vendas, foco em produto e capacitação de atendentes e gestores. “Passamos por uma travessia. Quem conseguir se organizar sairá mais forte”, diz. O executivo ressalta, ainda, o ingresso de novas marcas no evento, como a Chilli Beans, que participa pela primeira vez da feira e lança óculos de receituário para comercializar também em ópticas, e a Fotótica, que retorna ao evento depois de permanecer afastada por algumas edições.
Uma das locomotivas deste cenário mais favorável é a Óticas Carol, que viu seu faturamento crescer 20% no ano passado e projeta um aumento de 16% para este ano. A diretora de marketing, Raquel Perola, entende que a grande virada da empresa foi apostar em escala, preço e parcelamento. “Abrimos 135 lojas em 2015 e outras 150 serão inauguradas neste ano.” Deste total, 25% vêm da aquisição de pequenas ópticas. “Em momentos de desaceleração, a conversão se torna uma opção para os pequenos”, comenta.
Dados da Abiótica de 2014 apontam a existência de 20 mil ópticas ativas no Brasil. “A oportunidade é gigante. Vemos o setor como favorável, o que propicia uma expansão acelerada”, diz Raquel. Segundo ela, a confiança está abalada, “mas a crise é uma oportunidade para se estabelecer”. Entre as novidades da Carol está a ampliação do laboratório 100% digital, que permite grande adaptabilidade das lentes com alta qualidade. A produção passsa de 22 mil lentes por mês para 44 mil.
Quanto mais leve, melhor
Durante a Expo Abióptica 2016 foram apresentadas as principais tendências em óculos de receituário e solares, além das novas tecnologias em máquinas e lentes. Para os próximos meses, a moda são os óculos mistos, ou seja, que misturam poliamida e metal.
Na Secret Eyewear, a mistura de materiais vem para modernizar as peças. “Buscamos um óculos leve e resistente”, diz Natalia Tosin, estilista da marca. Segundo ela, as linhas arredondadas continuam em alta. “O redondo fica bem em todos os tipos de rosto, basta encontrar o modelo ideal”, diz.
Nas cores, tons invernais como os terrosos, vermelhos, vinho e mostarda, além das cores azul e rosa da Pantone. A estilista ressalta que em todas as armações, tanto da Secret como da HB (Hot Buttered), que integram o mesmo grupo, a fibra de carbono está forte.
O diretor comercial da Suntech Supplies, Silvio Cornaviera, explica que o momento é positivo. “Nos estados do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina vendemos bem.” A empresa é detentora das marcas HB, Secret Eyewear e Capricho, novidade da grife. A HB, que vende para todo o Brasil, cresceu 19% no faturamento em 2015. As exportações ainda representam 4%. “Estamos com um projeto na Apex para ampliar o volume de vendas externas.”
Para a Golden Vision, as expectativas também são positivas. Em 2015, cresceu 20%. “Prevemos manter este patamar neste ano, apostando em lançamentos e estratégias de vendas. Em março, registramos um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma o diretor comercial Valeriano Santilli. O Rio Grande do Sul representa entre 12% e 13% das vendas. “No Interior gaúcho, temos uma aceitação muito grande”, completa Santilli.