Por Paulo Gratão
A rede de franquias Subway anunciou recentemente um novo diretor para o Brasil e o Cone Sul, William Giudici. O executivo acumula mais de 30 anos de experiência em redes concorrentes, como McDonald’s e Burger King. Nesta última, da qual ele ainda é acionista, Giudici chegou a ser diretor estatutário e participou de diversas etapas importantes, como a reestruturação administrativa das franquias e o início da expansão nacional do Popeyes, em 2018.
Giudici conta que o convite para o novo desafio, feito em setembro do ano passado, veio diretamente de John Chidsey, que hoje comanda a Subway globalmente. Eles se conheceram quando ambos trabalhavam no Burger King, há pouco mais de dez anos. O executivo tinha um contrato de não concorrência válido até janeiro de 2021. Por essa razão, a formalização e o anúncio foram postergados.
“Desde a minha chegada, estávamos fazendo uma integração para levantar todas as necessidades não só do Brasil, mas da América do Sul. Eu sou responsável por mais sete países na região, então precisava fazer essa imersão completa na marca antes do anúncio”, diz. Giudici também responde pelas operações do Uruguai, Argentina, Peru, Bolívia, Equador, Chile e Paraguai – este último deve inaugurar as primeiras lojas em breve.
O executivo assumiu o posto já com alguns grandes desafios pela frente. Há alguns anos, a Subway tem passado por um processo de reestruturação no país. A rede cresceu bastante na primeira metade da década passada, chegando a bater mais de 2 mil franquias, mas depois precisou rever a estratégia e voltar algumas casas. Hoje, soma 1,6 mil unidades em funcionamento – menos do que as 1.863 reportadas no início do ano pela Associação Brasileira de Franchisng (ABF).
O modelo de expansão da empresa por aqui se baseia principalmente em desenvolvedores de área, modelo que consiste na cessão do direto para que empreendedores vendam unidades em determinadas regiões. Hoje, são 13 divisões em todo o país e, recentemente, a Subway comprou de volta uma das áreas de São Paulo, passando ela mesma a fazer o desenvolvimento na região.
“Essa aquisição aconteceu recentemente, após a minha chegada. Mas não é uma estratégia prioritária da empresa. É algo que vai acontecer à medida que surjam oportunidades e que seja um desejo mútuo. Respeitamos muito nossos desenvolvedores e franqueados. Alguns estão conosco há mais de vinte anos”, diz Giudice em entrevista a PEGN.
O executivo afirma que o encolhimento da rede está em linha com os desafios enfrentados tanto pelo setor de alimentação fora do lar, como um todo, como pelo próprio franchising, que reportou uma queda de 10,5% no faturamento em 2020. A matriz, nos Estados Unidos, fechou 1.557 lojas em 2020 – 6,6% do total de lojas no país.
Para reestabelecer a confiança dos franqueados na marca e no mercado de restaurantes como um todo, a aposta é trazer mais fontes de receita para as lojas. Um grande aliado nessa empreitada será o delivery, que saiu dos 5% de participação no caixa das unidades para cerca de 15% em junho do ano passado. Hoje, está na casa dos 40%, segundo Giudice. O executivo diz que o fato de ter cerca de 60% das lojas fora de shopping centers e outros locais fechados ajudou os franqueados a continuar a vender mesmo nos períodos mais críticos.
Nesse momento, as franquias estão passando por uma mudança no layout, chamada de “fresh foward”. Segundo Giudici, a atualização tem ajudado as cerca de 160 unidades já remodeladas a faturar, em média, 30% a mais. Não há um prazo para que todas as franquias se adequem. “É necessário que cada franqueado faça no seu tempo, pois o movimento demanda um investimento que nem todos estão podendo fazer ainda.”
O executivo adianta que algumas novidades tecnológicas devem ser anunciadas em breve para ajudar o franqueado a potencializar o canal de entregas – a exemplo do que sua antiga casa também andou fazendo nos últimos meses. “Quando trazemos uma nova fonte de renda para os franqueados, trazemos mais lucro. Com mais lucro, mais confiança, mais crescimento e expansão”, afirma.
Após tornar as lojas mais lucrativas, o próximo passo é retomar a expansão, com um forte potencial para acelerar o crescimento orgânico: atualmente, a rede tem 900 franqueados. “Se cada um abrir mais uma loja em um ano, a rede ganha quase 1.000 unidades.” Ele evita falar sobre meta de expansão, mas diz que rede consegue alcançar mercados que não são viáveis para concorrentes, como cidades pequenas, devido à distribuição regional já estruturada, a simplicidade da operação e o formato de expansão com desenvolvedores.
Uma novidade para ajudar na expansão são novos modelos de negócios que estão em fase de planejamento, como loja contêiner e drive-thru. Ainda não há uma estimativa de investimento inicial para esses formatos, mas a loja padrão pode custar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil, dependendo do ponto.
Outra área que vem passando por mudanças é o cardápio da empresa. Nos Estados Unidos, em julho, a rede fez vinte mudanças em seu menu, envolvendo pães, molhos e proteínas. Giudici diz que a marca, globalmente, trabalha sob cinco pilares: crescimento dinâmico, experiência, revolução digital, boa comida e valor percebido. Uma combinação entre os dois últimos teria sido a motivação para a transformação, que também deve passar a fazer parte da estratégia brasileira para atender a demanda do consumidor por novidades.
Neste ano, no Brasil, já entraram no menu itens como frango assado com molho caipira e “explosão de queijos”. Giudici diz que a preocupação é manter a qualidade e saudabilidade dos itens oferecidos. “Pouca gente sabe, mas temos praticamente uma operação de padaria em todas as lojas. Todos os pães são feitos por nós mesmos, sem aditivos, todos os dias. Dependendo do volume de cada unidade, saem quatro, cinco fornadas por dia”, comenta. O executivo diz que, no que depender dele, mais novidades também devem sair do forno, em breve.
Fonte: PEGN