Shoppings e lojas de rua de Belo Horizonte estão com estratégias diferentes para garantir suas vendas. Enquanto as ruas apostam em promoções e fixar preços máximos na vitrine, shoppings buscam marcas conhecidas para atrair o comprador com maior poder de compra. “Isso é qualificação do mix, tiramos marcas menores e trazemos outras de destaque nacional e internacional, voltado para um público com maior poder aquisitivo. O objetivo é aumentar o tíquete médio”, diz o gerente de marketing do Boulevard Shopping, Paulo Ceratti. O Boulevard inaugurou em 2016 lojas das marcas Granado, Pizza Hut, La Coste e vai inaugurar até o fim do ano uma loja da Zara. O Pátio Savassi inaugurou mês passado uma loja cristais Swarovski e a loja de sapatos Jorge Bischoff.
Por outro lado, as lojas de rua buscam conquistar o público mais permeável à crise econômica baixando e fixando os preços. “A crise econômica tem um impacto diferente nas classe C, D e E do que tem nas classe A e B, por isso, as estratégias são diferentes”, avalia a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Ana Paula Bastos. A empresária Luciana Cristina do Carmo aumentou em mais de dez vezes o seu faturamento mensal, passou de R$ 7.000, em janeiro de 2015, para R$ 80 mil em agosto de 2016, adotando o preço máximo da sua loja de roupas em R$ 20. “Estava disposta a vender a loja, mas olhamos a concorrência que estava vendendo tudo a R$ 20 e resolvemos fazer o mesmo, foi a salvação”, conta Luciana que hoje tem três lojas com preços fixos, R$ 30, R$ 25 e R$ 20, no bairro Floresta, região Leste da capital.
Nas últimas pesquisas de intenção de compras realizadas pela CDL-BH foi percebida, segundo Ana Paula Bastos, uma preferência pelas compras nas lojas de rua. No levantamento sobre o Dia dos Pais, em agosto, 51,9% dos consumidores pretendiam comprar um presente em lojas de rua e 30,8% nos shoppings. No estudo feito sobre o Dia dos Namorados, em junho deste ano, 58,9% dos entrevistados pretendiam comprar um presente no comércio de rua e 27,9% nos shoppings.
Passeio. Para Ana Paula, os shoppings tornaram-se uma opção de lazer para o consumidor médio. “Ele prefere comprar na rua e vai ao shopping para se divertir, comer no restaurante”, diz.
A professora Jacqueline de Paula, 48, se encaixa nesse perfil. “Eu prefiro comprar nas lojas da rua, porque o preço é melhor. Tem muito tempo que eu não compro em shopping, porque na Floresta, no Centro é mais barato. Shopping eu vou só para passear”, conta.
Novidades
Marcas. O Boulevard Shopping está negociando para trazes novas marcas para a cidade. O gerente de marketing Paulo Ceratti conta que negociam a marca Mr. Cat e a carioca Via Mia.
Os lojistas de rua que apostam no preço fixo para chamar clientes saíram dos shoppings. Luciana Cristina do Carmo, que tem três lojas com preços máximos de R$ 20, R$ 25 e R$ 30, no bairro Floresta, fechou duas unidades no Shopping Paragem, no bairro Buritis. “Não quero voltar. Na loja, vendo o que quero. No final do ano, até pano de prato coloquei para vender aqui. No shopping tem regra”, diz.
Cláudio Reis, da loja Linhas e Cores, fechou lojas nos shoppings Minas e Del Rey e mantém duas unidades nos bairros Floresta e Ipiranga. Na Floresta, seu preço máximo é R$ 20. “Não volto para shopping por causa dos custos. Quando fechei no shopping, meu custo mensal era de R$ 20 mil”, conta. (LP)
Empresário deve procurar o local onde está seu público
Na hora de optar por uma loja em shopping ou na rua, o empresário deve buscar o local onde vai encontrar seu público. “Não adianta ir para o shopping se não tem potencial de venda. Se o público para quem ele vende vai ao shopping para passear, não adianta investir”, avalia a sócia-diretora da consultoria em inteligência estratégica Vecchi Ancona, Ana Vecchi.
Da mesma forma, Vecchi aconselha buscar o ponto ideal para uma loja de rua. “Se o ponto ideal está a 30 metros, ou na rua paralela, o local disponível pode até ser mais barato, mas a loja vai quebrar, não vale a pena”, diz.
Outra dica da especialista é ficar atento ao concorrente. “Concorrentes próximos ajudam a vender e chamar público. Por essa razão, ruas especializadas costumam funcionar bem”, ensina. (LP)
Boa estratégia
“Compro nessas lojas de preço até R$ 20 sim e acho uma boa estratégia, chama a atenção. Não é uma qualidade excelente, uma roupa para usar numa festa, mas para o dia a dia, funciona muito bem. E o preço ajuda, é muito melhor do que achamos nos shoppings”. Jacqueline de Paula, 48, professora