Para o presidente José Isaac Peres, há demanda reprimida e situação da empresa é tranquila, mesmo com queda nos resultados
Por Juliana Schincariol
O setor de shopping centers voltará ao vigor e há demanda reprimida, segundo o presidente da Multiplan, José Isac Peres. Além disso, a situação financeira da companhia é tranquila, acrescentou, durante teleconferência com analistas, nesta quinta-feira (29), para comentar os resultados do primeiro trimestre.
A administradora de shopping centers anunciou, na noite de ontem, recuo de 73,95% no lucro líquido do primeiro trimestre, em relação a um ano antes, para R$ 46,3 milhões. A receita caiu 18,4%, para R$ 265,9 milhões. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) cedeu 61,8%, para R$ 131,2 milhões.
Peres informou que os shopping centers da Multiplan funcionaram por 647 horas entre janeiro e março, ante 1028 horas antes da adoção das medidas restritivas por causa da covid-19. Considerando que não há eventos como teatros ou cinemas, a capacidade dos shoppings ficou reduzida a 50%. Hoje, esse percentual está na casa de 77%.
O momento atual causado pela pandemia do novo coronavírus é um dos piores já enfrentados, mas a situação financeira é confortável em relação a crises anteriores. Hoje, a dívida da Multiplan em relação ao valor dos ativos é de 10,3%, enquanto o custo financeiro da empresa é de 3,86% — esse indicador já foi de 150% no passado.
“Estamos prontos para superar desafios”, disse o executivo. Peres também defendeu que os shoppings são ambientes controlados e higiênicos. “As autoridades estão entendendo que não podem mais asfixiar o comércio, isso gera desemprego de milhões de pessoas. A crise está passando”, afirmou.
Segundo o presidente da Multiplan, há dinheiro e disponibilidade para consumo das pessoas, que estão ansiosas para voltar à vida normal. Em Miami, nos Estados Unidos, acrescentou, há filas para entrada em shoppings, em uma sinalização de retomada.
Os recentes movimentos para consolidação do setor de varejo não têm muito impacto para os shoppings do grupo, por causa da diversificação de lojas, segundo o diretor vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Multiplan, Armando D’Almeida Neto. “Os 25 maiores grupos varejistas representam apenas 26,95% da receita da companhia (Multiplan). Isso mostra a diversificação que temos”, afirmou. O varejista, acrescentou, procura bons pontos e shoppings bem geridos, que atraiam o público.
Fonte: Valor Econômico