Seguindo a tendência das grandes varejistas brasileiras de moda, a Riachuelo, rede do grupo Guararapes, vai testar no quarto trimestre tecnologias para a digitalização de suas lojas.
Parte dessas tecnologias também vem sendo testada pelas concorrentes Renner e Cia. Hering. É o caso da opção de pagamento no provador, do autosserviço para retirada de produtos em loja, e da compra on-line dentro da loja com retirada em 24 horas. A Riachuelo também pretende implantar sistema de internet sem fio (Wi-Fi) nas lojas e o pagamento por biometria facial até o fim do ano.
“Vamos fazer testes pilotos para avaliar a aceitação dos clientes, para implantar em toda a rede somente as tecnologias que trouxerem mais benefícios para os clientes”, afirmou Paulo Farroco, diretor de tecnologia da Riachuelo. O executivo acrescentou que deve apenas testar as tecnologias neste ano. “A implantação em toda a rede de lojas seria um investimento para ser feito em mais três ou quatro anos”, estima Farroco.
Por enquanto, os testes vêm sendo feitos em lojas instaladas na avenida Paulista, na região central de São Paulo, e na unidade da rua Oscar Freire, nos Jardins.
Um dos projetos consiste no uso de tablets ou totens dentro da loja, que permitem ao consumidor encomendar pelo comércio eletrônico um item que não encontra na loja, com recebimento na loja em até 24 horas. O procedimento também é válido para o consumidor que decide trocar na loja um produto que comprou on-line. “O objetivo é permitir que o consumidor realize seu desejo de compra, em vez de desistir ou ir para um concorrente”, afirmou Farroco.
A Riachuelo também testa o uso de tablets e smartphones próximos dos provadores, para que os vendedores possam concluir a venda sem ter que levar o consumidor ao caixa. Em uma outra frente, a empresa começa a instalar armários nas lojas para que os clientes possam retirar produtos adquiridos pela internet sem ter que enfrentar filas para falar com um atendente. Os consumidores recebem um código de acesso para desbloquear a porta do armário e retirar a compra.
Farroco não divulga o valor do investimento nessa área. No primeiro semestre, a companhia investiu R$ 4,2 milhões no seu comércio eletrônico. Os investimentos em tecnologia, incluindo projetos em toda a companhia, somaram R$ 63 milhões.
No primeiro semestre, a Riachuelo integrou os processos de avaliação de risco (para aprovar um empréstimo) e emissão de cartões de crédito, reduzindo o tempo de aprovação de meia hora para sete segundos, segundo Farroco. A empresa desenvolveu funções em seu aplicativo financeiro, para permitir a abertura de novos cartões e simulação de concessão de empréstimos. Esse aplicativo, segundo o executivo, possui mais de 2 milhões de usuários. “Devemos lançar até o fim do ano uma versão que permitirá ao cliente tomar empréstimo usando o aplicativo, com depósito do recurso na sua conta bancária”, disse Farroco.
Na área de serviços financeiros, a Riachuelo começou a testar neste trimestre o pagamento por biometria facial. “Como já usamos a biometria para o registro dos clientes do cartão, vamos testar a venda usando a imagem do cliente”, afirmou Farroco.
A Riachuelo foi a última entre as grandes varejistas de vestuário a entrar no comércio eletrônico, em abril do ano passado.
No primeiro semestre deste ano, a companhia concentrou os investimentos na digitalização da área de serviços financeiros e na integração comércio on-line com as lojas.
Atualmente, segundo Farroco, dois terços das 306 lojas da Riachuelo já estão integradas à operação on-line.
A companhia não divulga o resultado de vendas no comércio eletrônico. No primeiro semestre, a receita líquida da companhia avançou 14%, para R$ 3,28 bilhões. O lucro líquido teve queda de 27,3%, para R$ 140,2 milhões. De acordo com a Euromonitor International, a Riachuelo é a terceira maior varejista de moda do país, com 4,8% do mercado.
Fonte: Valor Econômico