A Riachuelo, varejista de moda do grupo Guararapes, tenta reforçar mais uma vez as vendas com o lançamento de uma edição limitada em parceria com uma grife de luxo. Desta vez a marca escolhida é a Isolda, que pertence a três sócias – as irmãs Alessandra e Juliana Affonso Ferreira e Maya Pope.
“O objetivo é atender o consumidor tradicional, que está cada vez mais exigente, mas a estratégia também acaba atraindo novos consumidores às lojas”, diz Flávio Rocha, presidente da Riachuelo. Ele acrescenta que os modelos são desenvolvidos em parceria com a grife e produzidas internamente, o que reduz o custo da operação. “Nosso público é mais sensível a preços, mas também está cada vez mais atento à moda”, acrescenta. Em 2014, a rede lançou peças em parceria com a Versace.
Edmundo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), diz que essas edições limitadas têm custo mais alto de desenvolvimento e marketing que as tradicionais. “Essas edições normalmente têm produtos com preços mais altos que a média, e no momento em que o consumidor tem menos renda disponível e quer reduzir gastos com roupas, fica mais complicado conseguir o resultado esperado.”
A Riachuelo já fez uma edição limitada em abril, com peças do estilista alemão Karl Lagerfeld. A linha ajudou a companhia a ampliar as vendas no segundo trimestre. No período, a receita líquida da varejista aumentou 10,3%, para R$ 1,46 bilhão. O lucro líquido, no entanto, caiu 51,4%, para R$ 36,3 milhões, resultado associado a um forte aumento de despesas com reoneração da folha de pagamentos e mais provisões para créditos de liquidação duvidosa.
Juliana Affonso Ferreira, uma das donas da grife Isolda, diz que as conversas com a Riachuelo começaram em 2013. Maya Pope, outra sócia da marca, conta que a edição terá 80 peças, entre saias, camisetas, vestidos, biquínis e artigos de decoração. “Um dos desafios foi levar a nossa qualidade para um mercado de moda rápida. Levamos bastante tempo pesquisando tecidos”, diz Maya. As peças da Isolda são confeccionadas com tecidos 100% seda ou 100% algodão. Para a coleção da Riachuelo, a grife buscou tecidos com custo mais baixo. Os itens serão vendidos a preços entre R$ 50 e R$ 199 por unidade. A coleção será lançada em 9 de novembro.
Entre as maiores varejistas de vestuário – Renner, C&A, Riachuelo, Marisa e Cia. Hering – apenas a Riachuelo e a C&A investem em edições limitadas em parceria com estilistas de renome.
A C&A colocou no mercado neste mês uma coleção limitada de calçados, desenvolvida com a estilista Tatiana Loureiro. Os modelos custam entre R$ 129,99 e R$ 179,99. Foi a quinta coleção limitada no ano da C&A. Antes dela, a varejista fez edições com Alexandre Herchcovitch, Ateen e Replay.
Elio Silva, vice-presidente de operações e marketing da C&A no Brasil, diz que a tradição de realizar edições limitadas com grandes estilistas gerou um público cativo da C&A, que aguarda esses lançamentos para economizar nas compras de produtos de padrão mais alto. “A companhia usa a estrutura que possui para oferecer ao estilista condição de produzir um grande volume de peças, com boa qualidade e a um preço justo”, afirma.
A C&A lança, em média, de 10 a 13 coleções limitadas por ano, de acordo com o executivo. Em 2016, ainda vai colocar mais três edições limitadas no mercado, mas a varejista ainda não dá detalhes. Silva acrescentou que essas coleções têm uma venda acelerada em comparação às coleções tradicionais. “Em média, as vendas são três vezes mais rápidas do que a coleção normal”, diz o executivo.