Por Alexandre Garcia | O CEO da Veste, Alexandre Afrange, disse que o processo de recuperação da empresa passa pela individualização de cada uma das marcas para atrair os clientes. O grupo é dono das varejistas de moda Dudalina, Le Lis, John John e BO.BÔ e foi convidado do “UOL Líderes”, videocast do UOL Economia que entrevista executivos.
Segundo Afrange, o grupo vive hoje um momento positivo após driblar a crise que resultou em uma dívida de R$ 1,5 bilhão. Para a retomada, a Veste apostou na reestruturação das lojas e na recuperação das características das marcas, com grupos específicos de trabalho para cada uma delas.
O importante quando se tem uma casa de marcas é manter a individualização, porque a marca é um organismo vivo e precisa focar no cliente para qual ela foi desenvolvida. Se você tem uma pessoa que tem um olhar horizontal, é capaz de ela bagunçar o conceito de uma marca para outra e deixar tudo muito parecido.
Alexandre Afrange, CEO da Veste
A estratégia para transformar as marcas em unidades de negócio originou boas notícias para o conglomerado. Ao final de 2022, a Veste conseguiu que os credores da dívida convertessem as debêntures em ações e, desde então, soma resultados positivos. No ano passado, a empresa teve faturamento de R$ 1,4 bilhão.
A Veste descartou a possibilidade de aderir a uma fusão ou a aquisição de novas marcas durante o período de reestruturação Sobre a recente fusão do Grupo Soma com a Arezzo, o executivo avaliou que o movimento representa uma valorização do setor. Segundo ele, o movimento atrai um olhar positivo do mercado financeiro para o ramo da moda e não altera o nível de competitividade.
Concorrência chinesa
Afrange também comentou sobre o avanço das plataformas chinesas no mercado de confecção e vestuário. Ele avaliou que os clientes de lojas como a Shein não são o público-alvo da Veste, mas defendeu que a reforma tributária deve ir além das mudanças impostas pelo Remessa Conforme, que isenta a importação de mercadorias de até US$ 50.
“Não tributar um produto importado abaixo de US$ 50 com o imposto de importação não traz a concorrência para o mesmo nível. Esse modelo não afeta o nosso segmento diretamente, porque trabalhamos com o público de alta renda, mas entendo que deveria ter uma taxação sobre esses produtos importados para existir uma igualdade tributária.” Alexandre Afrange, CEO da Veste
Qualidade das roupas
O executivo também reconheceu o trabalho das empresas asiáticas e revelou que o modelo de tecnologia para reduzir os estoques é observado. Ainda assim, Afrange disse ser necessário compreender mais sobre o processo de produção em massa e a qualidade da mercadoria.
“Um dos nossos focos está na qualidade, um dos diferenciais para essas plataformas chineses, que têm esse ‘ultra fast fashion’, no qual você compra a mercadoria, usa e aquilo vira um resíduo. Nossas peças são produzidas com muita qualidade e têm uma durabilidade grande.”