O comando do grupo de moda Restoque disse ontem que as vendas em julho e agosto estão acima do projetado pelo grupo e se esse cenário for mantido, o ano de 2021 será forte, com tendência mais clara de recuperação. A companhia é dona de marcas como Le Lis Blanc, Dudalina, John John e Rosa Chá.
“As vendas passaram em julho de 45% do verificado em 2019 para 74% em agosto e os números estão acima do projetado por nós para o período. Inclusive, estamos atentos para nessa retomada não termos falta de mercadorias, e fazendo remanejamento entre lojas”, disse o presidente do grupo, Livinston Bauermeister.
A taxa de conversão de tráfego em vendas sobe também além do projetado desde julho. “Os números parecem indicar uma tendência de aceleração e trazem confiança de uma recuperação mais rápida neste segundo semestre de 2020”, acrescentou.
A taxa de conversão aumentou 82% na Le Lis Blanc. Passou de 13% em julho de 2019 para 23% em julho de 2020, com aumento de 33% em peças vendidas por atendimento. Na Dudalina, a taxa de conversão no mesmo mês subiu 45% – de 11% para 17%), com 20% mais itens vendidos por atendimento.
O desempenho de vendas no mês de julho foi maior em todas as marcas e em todos os canais, disse o executivo, ficando 28% acima das projeções divulgadas.
Na marca John John, o executivo afirmou que foi batida a meta estabelecida para a coleção primavera/verão de 2020/2021. “Em duas semanas e meia de vendas batemos 100% da meta prevista para toda a coleção e até agora já superou em 16% as vendas da mesma coleção no ano de 2019.”
Apesar desse cenário de retomada, a companhia reforçou que o quadro ainda é de vendas abaixo de 2019, e que a empresa deve fechar 10 a 15 lojas com resultado abaixo do esperado. O grupo tem 244 pontos de venda em operação, 10 a menos que um ano atrás.
Bauermeister afirmou também que o estoque mais pesado da coleção de inverno foi transferido para venda em 2021, e produtos mais simples foram direcionados para venda neste ano.
Ele diz que o ambiente promocional continua no terceiro trimestre – o que tende a afetar margens, dizem analistas – e os lançamentos de peças com “preço cheio” têm convivido com ofertas nas lojas. A Riachuelo, de moda mais popular, já havia destacado na semana passada a expectativa de um forte ambiente promocional no setor até outubro, pelo menos. Moda é o segmento do varejo mais afetado pela crise, ao lado dos restaurantes e bares no setor de serviços.
No segundo trimestre deste ano, a Restoque teve prejuízo de R$ 146,7 milhões, ante um lucro de R$ 41,2 milhões registrado no mesmo período de 2019. A receita caiu 81,5%, para R$ 45,2 milhões, reflexo do fechamento de lojas por conta das medidas de isolamento social adotadas entre fim de março e maio.
Na teleconferência com analistas sobre o resultado, a Restoque ainda disse que o acordo com credores anunciado em junho, para reestruturação das dívidas – a empresa está em recuperação extrajudicial – representa 87% dos créditos abrangidos. A Restoque espera homologar plano de recuperação extrajudicial em 45 a 60 dias.