Por Luana Dandara | Os brasileiros resgataram mais pontos e milhas no ano passado, período que ficou marcado pela dificuldade financeira de empresas de fidelidade no Brasil. É o caso do grupo 123milhas que entrou com pedido de recuperação judicial em 2023 e, desde então, acumula um passivo de R$ 2,5 bilhões e 700 mil credores.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), que representa 11 das maiores companhias do segmento — como Azul, Latam, Livelo, Mastercard, Smiles e Stix —, houve um incremento de 18,3% no número de resgates no ano passado em relação a 2022. A maior parte dos benefícios (75,9%) foi usada para adquirir passagens aéreas, enquanto 24,1% foram usados em compras de produtos e serviços.
A emissão de pontos e milhas também teve incremento no período, registrando alta de 11,8% na comparação com o ano anterior. A maior parte dos benefícios acumulados (92,6%) é fruto de gastos no varejo, indústria e bancos, incluindo transações com cartões de débito e crédito. Já 7,4% se referem a compras de passagens aéreas.
O estudo aponta ainda que o número de cadastros nos programas de fidelidade aumentou em 5,4% em relação a 2022, para 312,5 milhões no fim de 2023.
Para Martin Holdschmidt, presidente da Abemf, “esse é um sinal claro de que as iniciativas de fidelização seguem despertando o interesse dos brasileiros, e não apenas em termos de novas inscrições, mas de usuários que já aderiram aos programas”. O executivo diz ainda que o total de transações feitas por participantes aumentou 9,7% em 2023, o que demonstra maior engajamento dos clientes.
Diretor da Abemf, Paulo Curro atribui o aumento do resgate de pontos e milhas em programas de fidelidade a uma aderência maior às iniciativas por parte dos consumidores. “Assim como um maior engajamento de quem já participa, alavancado pelos investimentos das empresas em ampliar as oportunidades para os consumidores, que contam com cada vez mais opções para acumular pontos e resgatar produtos e serviços”, acrescenta. Questionado sobre os efeitos dos problemas financeiros de empresas do setor, como a 123milhas e Maxmilhas, Curro não respondeu.
Procurada, a 123 milhas preferiu não comentar.
Posicionamento da Abemf
“Informamos que não houve “dificuldade financeira de empresas de fidelidade no Brasil”, como mencionado na matéria. O problema relatado no texto foi algo particular de uma empresa em razão de seu modelo de negócios e decisões específicas e individuais dessa companhia.
Vale ressaltar que esse modelo de negócios não é comum às empresas desenvolvedoras de programas de fidelidade, em especial às associadas da Abemf, que seguem provendo uma relação saudável e benéfica com seus participantes.
Prova disso são os indicadores divulgados pela associação, que apontam números crescentes em todos os aspectos estudados como quantidade de pontos/milhas emitidos, resgatados, número de cadastros nos programas e, até mesmo, o faturamento das companhias, que cresceu 13,6% em 2023, demonstrando o bom momento financeiro do setor.”
Fonte: Valor Econômico