Mesmo com queda de mais de 10% no lucro no primeiro trimestre deste ano, a Lojas Renner deve manter os planos de expansão e abrir 60 lojas neste ano, afirmou o presidente da empresa, José Galló. Serão 25 novas lojas da Renner, 15 da Camicado e outras 20 da Youcom. A ideia, segundo ele, é investir ao todo R$ 550 milhões.
Apesar do recuo tanto no lucro líquido como na receita no primeiro trimestre deste ano deve, a marca é uma das poucas que conseguiu manter aumentos em 2015. “O ano que passou tivemos uma importante mudança no ambiente econômico e político que provocou uma redução da renda e queda na confiandça, ainda assim a gente conseguiu superar esses efeitos e apresentar um crescimento de 17,4% na receita líquida e 10,8% nas vendas das mesmas lojas”, afirmou Galló, referindo-se aos resultados do ano passado. “Ficamos acima da performance de vestuário e calçados, que segundo o IBGE apresentou uma retração de 5,1%”, comentou.
Para o executivo, a saudabilidade da operação deve-se a uma série de iniciativas. “Quando combinadas e executadas de forma consistente, essas iniaciativas se traduzem em produtos de melhor qualidade e modelagem. Investimos muito na exposição de visual merchandising, criando um crosseling maior nas nossas lojas. Tudo isso se transforma em uma experiência de loja mais agradável”, explicou.
“Simplificamos nosso processo de caixa, reduzindo em 45% o tempo nas nossas filas. Isso proporcionou um aumento de percepção de valor por parte dos nossos clientes. Crescer dois dígitos em um ambiente tão complexo foi possível porque temos um time motivado e alinhado. Todos sabem onde a Renner quer chegar e sabem o papel de cada um nessa jornada. E estamos sempre muito atentos às demandas do consumidor e do mercado. Temos uma preocupação importante com redução de custos e despesas”, afirmou o executivo.
A empresa trabalha com três grandes frentes para enfrentar o período difícil – que devem ser concluídos entre 2016 e 2017: implementação de processos logísticos, reatividade da cadeia de fornecedimento e projetos de produtividade, que devem se traduzir em maior venda por metro quadrado e menor despesas operacionais. “Isso com certeza deve se transformar em melhores margens no futuro”, disse Galló.
Para este ano, o executivo sabe que os desafios serão maiores. “Nosso objetivo é ganhar participação no mercado e conquistar todas as oportunidades que surgirem dessa estabilidade. Acreditamos que marcas fortes, com diferenciais competitivos, vão continuar se sobressaindo no mercado. Nossas decisões continuam sendo focadas no longo prazo”, afirmou.
A ideia, explicou, é aproveitar o fechamento de lojas de alguns operadores para aproveitar oportunidades de ocupação de pontos de venda, que podem estar disponíveis até mesmo por um investimento menor, devido às condições de mercado. Além disso, o ajuste que os consumidores estão fazendo no orçamento também deve beneficiar a rede, acredita Galló.
“Crises passam e sabendo que há uma reacomodação do consumo, alguns setores sofrem mais e outros menos. Para nós, de vestuário, os efeitos da crise nos parecem mais brandos, pois a perda do poder de compra ou insegurança na aquisição de itens mais caros normalmente levam os consumnidores a se recompensarem com itens de ticket médio mais baixo, que é vestuário”, explicou.
O reajuste nas contas também é parte da estratégia da companhia para não sentir tanto os efeitos da crise. “Estamos nos preparando para a crise desde o final de 2013. A gente se prepara em termos de racionalidade, redução de despesas e custos. Temos de ser mais eficientes, rápidos e assertivos”, diz.
Galló terá dois anos difíceis pela frente – o executivo continua à frente da rede, segundo informou a companhia nesta semana.