Por Adriana Mattos | Varejistas regionais e grupos de comércio controlados por fundos de investimento despontam no ranking anual dos supermercados e atacarejos de 2023, divulgado pela Abras, a associação setorial. Em contrapartida, cadeias que eram referência no passado — como a Dia, em recuperação judicial — perderam posição.
Na lista das grandes redes, entre as 20 líderes do setor, houve poucas mudanças (as cinco maiores continuam sendo Carrefour, Assaí, Mateus, GPA e Supermercados BH, nesta ordem, como em 2022). Mas houve novos entrantes, roubando posições de um ano para o outro.
A família Koch, do município de Antônio Carlos, em Santa Catarina, que iniciou a operação a partir da venda em feiras livres na Grande Florianópolis nos anos 80, apareceu em 10º lugar, com o seu grupo Koch subindo três colocações.
Foi um dos maiores crescimentos entre as “top” 30 — em 40 anos, foram de uma banca na feira para um negócio com vendas anuais de R$ 8 bilhões, cujos sócios são Sebastião, Geraldo, José Evaldo, Antônio e Albano Koch. No ano passado, as vendas subiram pouco mais de 24% sobre 2022.
Com 67 lojas em Santa Catarina (prevê chegar a 80 no fim do ano), a empresa é dona das marcas SuperKoch (de supermercado) e Komprão (de atacarejo). O crescimento tem sido liderado pelo atacado, a unidade que vem sustentando o desempenho das redes alimentares no país há pelos menos cinco anos.
Mais nomes na lista
Houve negócios regionais que entraram no ranking pela primeira vez, e já em posições relevantes, como a cadeia Novo Atacarejo, de Pernambuco, na 21ª posição, com R$ 4,6 bilhões em vendas, e a mineira Adição Distribuição Express, dono do Supermercados ABC, na 22ª colocação, e vendas de R$ 4,4 bilhões
Principal negócio liderado por fundos no varejo alimentar, a Plurix subiu duas posições, de 21ª para 19ª, entrando no “top” cinco em menos de meia década de aquisições de negócios .
O avanço da Plurix, gerida pelo Pátria Investimentos, se deu pelo varejo regional, e colocando na linha de frente executivos do primeiro escalão do comércio nacional. A Plurix foi ganhando terreno peneirando negócios de peso regional pelo país, parte deles que já precisava de uma capitalização para reduzir alavancagem ou ganhar fôlego maior de crescimento.
No fundo, intitulado Pátria Private Equity VI FIP Multiestratégia, estão as cinco cadeias adquiridas de 2021 para cá, hoje divididas em três operações regionais: Jundiaí (Boa Supermercados), Assis (Casa Avenida) e Guarapuava (Superpão), liderada por Jorge Faiçal (ex-GPA). Na divisão de atacado do Pátria, na qual está a Atakarejo, cadeia comprada em 2023, o responsável é Silvio Pedra (ex-Cencosud).
Entre as grandes redes nacionais que encolheram, está a rede Dia, que caiu da 15ª posição para a 18ª — a companhia pediu recuperação judicial em março, com dívidas de R$ 1,1 bilhão, após perda de competitividade com a forte concorrência do atacado, as pressões financeiras (com a alta dos juros que afetou as dívidas), e a dificuldade de crescer com um modelo de lojas de descontos que perdeu vendas nos últimos anos. A empresa fechou 343 lojas neste ano, do total de 587 unidades, restando 244, que passam por reestruturação.
Ainda segundo dados da Abras, o setor alcançou um faturamento de R$ 1 trilhão em 2023. Esse dado não é comparável com a pesquisa de 2022 porque o levantamento passou a incluir mais de 300 mil empresas do Simples Nacional, que não estavam na pesquisa de 2022. O material é desenvolvido em colaboração com a NielsenIQ.
O Grupo Carrefour Brasil continua a liderar o setor pela oitava vez, movimentando R$ 115,5 bilhões em 2023, alta de 6,9%. Havia uma competição mais próxima do GPA por anos, mas a empresa separou a operação de varejo da de atacado (Assaí) dois anos atrás e, com isto, o GPA perdeu posição na lista geral.
O segundo colocado foi o Assaí Atacadista, com R$ 72,8 bilhões de faturamento, avanço de 22%, sendo seguido pelo Grupo Mateus (R$ 30,2 bilhões), que cresceu 30%.
Fonte: Valor Econômico