O PIX, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, pode acabar com uma das principais dores do e-commerce: as transações com boleto bancário. Hoje, cerca de metade das compras com boleto não são concluídas porque o cliente faz o pedido, mas não paga. A simples desistência gera um custo para o vendedor online.
“O cliente que faz o pedido, mas não paga o boleto gera um custo de logística para o e-commerce. Porque assim que a compra é concluída, o e-commerce tem que bloquear o produto para não vender para outra pessoa”, disse Carlos Netto, CEO da Matera, empresa de soluções para o sistema financeiro, ao site 6 Minutos.
Em datas como a Black Friday, isso gera muito prejuízo para o comerciante online. “São vendas que deixam de ser efetivadas. Por isso, alguns e-commerces deixam de vender com boleto na Black Friday”, afirma Netto.
O Mercado Livre, maior marketplace do país, conhece de perto esse problema. “Os pedidos feitos no fim de semana geram muita pressão sobre a área de logística. Só temos a confirmação dos pagamentos na segunda-feira”, disse Rodrigo Furiato, diretor de carteira digital do Mercado Pago.
Por isso, o PIX pode acabar com a questão do boleto porque vai funcionar como um pagamento no débito. Ao escolher pagar pelo PIX, o pagamento é concluído na hora. Para o e-commerce, deixa de existir a espera pela confirmação do pagamento com boleto.
Principais vantagens do PIX
Para o lado do cliente, deixa de existir a possibilidade de deixar para depois. “Pagou, está pago. Não tem essa de deixar para pagar no dia seguinte”, afirma Netto.
Outro ganho imediato com o PIX é a possibilidade de acelerar o prazo de entrega. “Como a confirmação do pagamento já sai na hora, fica muito mais fácil administrar a logística”, continua Netto.
Mas o mais importante deles é permitir que pessoas sem cartão possam efetuar compras pelo e-commerce. “Hoje, ao efetuar a compra, o consumidor tem a possibilidade de pagar com cartão ou boleto. Quem não tem cartão de crédito fica excluído desse universo”, diz Netto.
“A experiência de compra vai melhorar muito com o PIX. As pessoas sem cartão não conseguem fazer compras hoje de forma amigável”, afirma Furiato.
Redução de custos
Também há redução de custo para o varejista que aceitar pagamentos com PIX. Hoje, ao receber com cartão, o comerciante para uma taxa por transação efetuada. Com o PIX, isso ficará muito mais barato. “Não é só uma questão de taxa, o dinheiro entra na conta no ato da venda. No cartão, entra dias depois. Isso gera um custo operacional para o estabelecimento”, afirma Netto.
Esse ganho pode ser revertido para o cliente. “Isso abre a possibilidade de o varejo dar descontos para quem pagar com PIX. Já ouvi de alguns marketplaces que o plano é dar descontos de até 15% para quem pagar com PIX na Black Friday deste ano. É dessa forma que se cria um hábito: o consumidor começa a usar para ter o desconto, se acostuma e passa a usar”, segundo Netto.
O Banco Central informou que o cadastramento de chaves do PIX começa em 5 de outubro. A chave é o nome dado para dados dos clientes, como número de CPF, celular ou e-mail. As chaves servirão para identificação dos pagamentos.
O plano é que o PIX esteja disponível para todo o país a partir de 16 de novembro.
Como serão os pagamentos?
Para as pessoas físicas, os pagamentos poderão ser feitos pelo app do seu banco ou carteira digital. Basta abrir o app do banco e ler o QR Code do PIX.
No e-commerce, a opção aparecerá na tela do usuário. Também será possível utilizar links de pagamentos. O lojista terá um QR Code em seu estabelecimento que permitirá que o pagamento efetuado vá direito para sua conta.
O PIX vai ser mais barato que o TED e o DOC, com a vantagem adicional de poder ser realizado instantaneamente 24 horas por dia, sete dias por semana. O custo da transação será gratuito para pagadores. Recebedores vão pagar uma taxa menor que as cobradas hoje pelos cartões. Para as instituições financeiras, haverá um custo mínimo.
Fonte: E-Commerce Brasil