Após apresentar crescimento anual de dois dígitos por nove anos consecutivos, o mercado de artigos ópticos encerrou 2015 com queda de 12% em receita, chegando a R$ 20,3 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica). Para 2016, a expectativa é de um resultado igual ou inferior ao do ano passado. Diante do cenário recessivo, varejistas do segmento buscam alternativas, que vão desde expansão regional até entrada em novos mercados.
A Chilli Beans, por exemplo, apresenta no fim da semana a primeira linha de roupas com sua marca. A coleção foi desenvolvida em parceria com o grupo AMC Têxtil, dono das grifes Colcci, Carmelitas, Sommer e Triton. São 25 peças de malha e jeans, voltadas para o público jovem (18 a 24 anos), que chegam às lojas no segundo semestre. “A diversificação é um risco. Mas me senti confortável para dar esse passo”, disse Caíto Maia, fundador da Chilli Beans.
André Jório, diretor da Be Red, marca de licenciadas do grupo AMC Têxtil, disse que vai levar a marca Chilli Beans para todas as varejistas nas quais atua, incluindo sites de comércio eletrônico. “A expectativa é fechar o primeiro ano com os produtos em 500 lojas”, afirmou.
Além da linha de vestuário, a Chilli Beans venderá óculos de grau em outras óticas. As armações da marca ficarão em espaço personalizado em óticas de pequeno porte. Maia não informou a meta de lojas para esse projeto. Ele pretende ainda abrir 100 lojas de franquia este ano, chegando a 800 unidades. O empresário estima um crescimento de 10% na receita.
A Óticas Carol também investe em expansão. A companhia abriu 140 unidades em 2015, chegando a 851 pontos. Em 2016, a previsão é abrir 175 unidades. “Já temos contratadas 159 lojas”, afirmou Ronaldo Pereira Junior, presidente da Óticas Carol. O avanço será feito no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará – onde a presença da marca hoje é menor.
A companhia espera um aumento de 15% na receita este ano, para R$ 770 milhões. Em 2015, o avanço foi de 20%. Pereira disse que as vendas em “mesmas lojas” (unidades abertas há mais de um ano) aumentaram 6% neste primeiro trimestre. “Com mais lojas, é possível cortar custos, oferecer preços melhores e crescer”, disse Pereira. O executivo disse que 10% dos franqueados mudaram de ponto desde 2015, para reduzir custos. “Os lojistas têm conseguido pagar menos em uma localização melhor”, acrescentou.
A Óticas Carol investe ainda R$ 15 milhões para dobrar a produção de lentes em seu laboratório, em Barueri (SP). Pereira disse que as lentes próprias têm custo 30% inferior ao de lentes adquiridas de outros fabricantes.
A Fototica, que no fim de fevereiro adotou o nome GrandVision by Fototica, planeja expandir sua rede por meio de franquias. Atualmente, a companhia possui 100 lojas próprias, em São Paulo, Sergipe, Pernambuco e Bahia, e receita anual próxima de R$ 144 milhões. Murillo Piotrovski, diretor de marketing da GrandVision by Fototica, disse que a empresa fechou 2015 com aumento de “um dígito alto” na receita no Brasil e, neste ano, espera crescer com a ampliação no número de lojas. Mas não informa quantas unidades serão abertas.
“A companhia acredita que pode crescer, graças a campanhas mais agressivas de marketing, expansão de lojas e aumento no mix de produtos”, afirmou Piotrovski. A abertura de franquias será feita em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Globalmente, o grupo GrandVision fechou 2015 com receita de € 3,2 bilhões.
As redes concordam que o comportamento do consumidor mudou. “Se o cliente comprava um par de óculos por R$ 499, agora compra a R$ 399”, disse Pereira, da Óticas Carol. “Há uma procura do consumidor por produtos diferentes do que costumava comprar”, disse Piotrovski, da GrandVision. Eles acrescentam que, mesmo buscando armações diferentes e mais baratas, a maioria dos clientes ainda é fiel às marcas preferidas.