Cada vez mais, a velocidade no lançamento de produtos novos é essencial para uma empresa se manter relevante. A Natura firmou uma parceria com o Google para testar novos princípios ativos e cosméticos virtualmente na nuvem, para economizar tempo e dinheiro no desenvolvimento de novos produtos.
A Natura já eliminou os testes de produtos em animais em 2006 e adotou mais de 60 metodologias alternativas, como o uso de uma pele 3D, criada em laboratório. Agora, os testes ficaram ainda mais digitais, abrangentes e 30% mais velozes.
Antes dos testes digitais, a Natura desenvolvia pesquisas mais lineares. Ou seja, testava o potencial de uma planta para um benefício específico, como hidratação, fortalecimento ou aumentar o brilho do cabelo, por exemplo. Depois, testava a mesma planta para outro efeito. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, ganhou a capacidade de testar uma planta para mais de 400 ativações diferentes, de uma única vez.
“A quantidade de dados que essas pesquisas geram é estratosférica e, por isso, precisávamos de um lugar para guardar essas informações e infraestrutura para cruzá-las”, diz Daniel Gonzaga, diretor de inovação de produtos da Natura.
“Com um teste na pele, dá para ver a reação, se fica vermelha. Em um computador, é muito mais complexo”, diz Antonio Chaddad, executivo de contas da Google Cloud.
Os testes não seriam possíveis sem os bancos de dados da Natura. Com anos de pesquisas acumuladas, além de bases de dados públicas de universidades pelo mundo, a companhia de cosméticos acumulou conhecimentos sobre como diferentes moléculas reagem umas com as outras e com pele ou cabelo humanos. A pesquisa é extensa ao ponto de perceber diferenças entre amostras de uma mesma espécie de flor, mas que cresceram em lugares distintos do país e, portanto, tem componentes diferentes.
Por isso, para testar uma nova planta, flor ou fruta, a empresa não precisa realizar uma extensa bateria de testes. Faz uma análise química do ingrediente e destrincha cada componente molecular. Assim, consegue comparar a estrutura com plantas já catalogadas nos bancos de dados, com efeitos já conhecidos, acelerando o processo.
Os testes são feitos apenas para novos princípios ativos ou combinações diferentes entre eles. A base do cosmético, como o creme, mousse ou pó que o forma, é a mesma já usada em outros produtos. “A parte sensorial depende de fórmulas comuns, se o produto é mais seco ou cremoso, se esquenta ou esfria a pele. O benefício vem do composto ativo”, explica Gonzaga.
Depois dos testes na nuvem, o produto final será testado na pele 3D e por consumidores. Mas, ao invés de testar 10 variedades, serão apenas duas ou três, já mais bem definidas.
O projeto entre as duas companhias começou há cerca de um ano e meio e 60% dos novos produtos já foram desenvolvidos com ajuda da computação em nuvem.
Segundo Chaddad, uma das vantagens de usar a computação em nuvem é poder escalar o uso sem limites. Quando uma empresa, como a Natura, precisa usar o serviço, a capacidade não é limitada pela quantidade de computadores próprios e pode ser aumentada conforme a necessidade. Ao final dos testes, deixa de usar o equipamento e, assim, de pagar por ele, gerando economia. Para ele, as empresas também economizam com custos de manutenção e atualização dos equipamentos com as novas tecnologias, que ficam a cargo do Google.
Fonte: Panorama Farmacêutico