Meta é elevar a fatia do digital para 10% até o fim de 2019, o dobro de dois anos antes
A Cobasi, com R$ 1 bilhão em vendas anuais de produtos para animais de estimação, reestrutura o seu braço on-line, após uma reorganização societária. A intenção é que, no fim do ano, o negócio digital responda por 10% das vendas — o dobro de dois anos atrás.
Medidas têm sido tomadas nos últimos meses, num cenário de acirramento da concorrência. Neste ano, o site da Petlove recebeu aporte da Tarpon Investimentos, e a Petz, do fundo Warburg Pincus, passou a usar inteligência artificial na venda pelo seu site.
Controlada pela família Nassar, a Cobasi começou a operar em abril o seu “marketplace” (venda de mercadorias de lojistas no site) e estuda montar um modelo de serviços para esses varejistas.
Entre as possibilidades analisadas está a entrega de pedidos e a armazenagem de produtos dos lojistas em seu centro de distribuição. Ainda está em discussão oferecer a eles serviços financeiros, como antecipação de recebíveis. No modelo, a rede cobra taxa sobre os serviços dos lojistas.
“Entendemos que esse formato [de serviços] do marketplace estará mais completo em 2020”, diz Paulo Nassar, sócio-diretor da Cobasi e irmão de João e Ricardo, todos executivos e acionistas da rede.
Além disso, no fim do ano passado a empresa começou a montar pequenos centros de distribuição (“mini-hubs”) nas lojas. São 30 unidades com essa estrutura (de um total de 81 pontos no país). Dessa forma, essas lojas podem entregar as compras do site usando seu próprio estoque.
Nos últimos anos, muitas varejistas vêm testando esse modelo de entregas a partir do ponto físico. O principal desafio é que, muitas vezes, a área de estocagem do ponto é ampliada. E o valor do metro quadrado das lojas é alto, o que encarece a operação. “Mantivemos a área de estoque, só passamos a usá-la melhor”, explica Nassar.
O plano da Cobasi com essas iniciativas é montar uma estrutura integrada entre lojas e site, gerando novas receitas, para que o negócio fique rentável — principal desafio do segmento hoje.
A empresa cobra do lojista uma taxa média de 15% sobre o valor do item vendido no marketplace — entre as grandes redes, a taxa varia de 10% a 20%. Também gera nova receita ao cobrar futuramente pelo pacote de serviços aos lojistas.
Essas ações estão sendo tomadas após uma mudança na gestão em 2018.
A rede decidiu separar a sua operação on-line e negociou a entrada da Omni55 como sócia minoritária no negócio — consultoria ligada ao executivo German Quiroga. Para o acordo, foi criada uma estrutura societária independente para o braço de comércio eletrônico. Em 2018, a Omni55, já como acionista, passou a operar o negócio digital da rede.
Oderi Leite, diretor da Omni55, foi indicado pela consultoria para comandar esse braço da Cobasi. Para que isso funcionasse, foi preciso um entendimento prévio entre as partes, dizem fontes. A Cobasi, com cultura difundida pelos irmãos, sempre recusou sociedades com investidores e fundos.
Entre Cobasi e Omni55, o conjunto de ações a serem implantadas foi definido em paralelo a projeções de desempenho. No começo do ano, 8% das vendas vieram do site, e a meta é atingir 10% no fim de 2019 — era 5% no fim de 2017. A receita com o comércio eletrônico da Cobasi cresceu 120% em 2018 — mas como a base de comparação era baixa, a expansão é mais fácil. Nessas iniciativas que envolvem o site serão investidos R$ 20 milhões do caixa da empresa — o saldo de caixa não é revelado.
A receita bruta foi em torno de R$ 1 bilhão em 2018, com previsão de avançar cerca de 20% em 2019. A empresa não publica balanços. Essa expansão ocorre, em parte, por causa de inaugurações, de 20 a 25 lojas neste ano, com aporte de R$ 100 milhões. Ao se descontar as aberturas, a alta nas vendas deve variar de 10% a 12% no ano.
A concorrente Petz projeta 34 aberturas em 2019 e receita de R$ 1,3 bilhão, alta de 43% sobre o ano passado. Em 2018, ano de consumo ainda em retração, o setor teve crescimento abaixo de seus padrões históricos — 4,6% em relação a 2017, atingindo R$ 34,4 bilhões, segundo o Instituto Pet Brasil.
Fonte: Valor Econômico