Mesmo com a retomada do varejo físico, quem teve uma boa experiência no mundo digital não vai abrir mão da segurança, rapidez e praticidade
Por Alessandra Saraiva
Grandes varejistas no país aceleram estratégias para combinar vendas presenciais e on-line, de olho no futuro, mas também na temporada de compras do fim deste ano, que começa com a Black Friday, que neste ano cai no dia 26 de novembro, e vai até o Natal.
Fernando Yunes, principal executivo da plataforma de vendas on-line Mercado Livre no Brasil, disse que mesmo com a retomada do varejo físico, quem teve uma boa experiência no mundo digital, vendendo ou comprando, não vai abrir mão deste canal, que permite, segundo ele, segurança, rapidez e praticidade. “Temos espaço para crescer: saímos de 5% de penetração do e-commerce no início da pandemia para 11% e acredito que tenhamos força para chegar em 20% nos próximos quatro anos”, disse Yunes.
O executivo afirmou que a pandemia acelerou o processo de transformação digital. A cada dez compradores, seis aumentaram as aquisições on-line e dois compraram na internet pela primeira vez, afirmou. No terceiro trimestre, a base de usuários únicos ativos do Mercado Livre aumentou 3,4% em relação a igual período de 2020, atingindo 78,7 milhões na América Latina. No mesmo intervalo, o volume de vendas (GMV) foi de US$ 7,3 bilhões, representando crescimento de 29,7% na comparação anual em moeda constante. A empresa informou que 74,1% desse valor provém de transações feitas em dispositivos móveis.
Helisson Lemos, vice-presidente de marketplace e inovação da Via, disse que as vendas digitais têm grande potencial de crescimento. “Na Via representam 60% do volume de vendas, cresceram 35% nos últimos três meses e seguem crescendo”, afirmou. Lemos disse que a Via ampliou de 10 mil para 108 mil o número de lojistas no marketplace da companhia e, hoje, oferece 34 milhões de produtos.
Lemos disse ainda que a Via tem investido em e-commerce, mas sem esquecer da sinergia entre os canais de venda e as lojas físicas. “Estamos ampliando nossa presença nas regiões onde não atuamos, com a inauguração de ao menos 120 novas lojas até o final deste ano. A pandemia mostrou que o consumidor será cada vez mais omnicanal [comprando on-line e de forma presencial]. Nossas lojas físicas também funcionam como mini-hubs, onde o consumidor pode retirar o produto adquirido nas plataformas digitais.”
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) prepara uma série de promoções para a Black Friday, considerando um cenário de inflação alta e de renda menor, diz Rodrigo Pimentel, diretor de e-business da companhia. “ [A Black Friday] é um momento esperado por clientes, especialmente em momentos como atual de orçamento mais restrito e de inflação”, disse.
Pimentel afirmou que a companhia espera “incremento forte de vendas na Black Friday, tanto no presencial quanto no on-line”. Ele disse que na pandemia as vendas on-line quadruplicaram em relação ao período anterior à covid-19. “Ultrapassamos a barreira de R$ 1 bilhão de faturamento [no canal eletrônico e e-business] em 2020”, disse o executivo.
No caso do Grupo de moda Soma, que reúne as marcas Hering, Animale e Farm, o canal digital foi fundamental na pandemia, diz o diretor de tecnologia e inovação do grupo, Alisson Calgaroto. No ano passado, quando o comércio não essencial teve que fechar as portas, o canal digital era a única opção de venda. Mas agora, mesmo com a perspectiva de maior presença em lojas físicas, os canais digitais não serão abandonados. Ele não acredita em redução de vendas on-line: “Com certeza absoluta a venda digital veio para ficar”. Do total das vendas do grupo, 60% são presenciais e 40%, digitais.
O Grupo Soma tem boas estimativas para Black Friday, com alta de vendas “acima de dois dígitos”. O grupo vai combinar estratégias de venda nos canais presencial e on-line. “Por exemplo, se uma cliente compra na internet, quer desistir da compra, pessoas da loja física vão na casa dela coletar a roupa”.
Fabio Faccio, presidente da varejista de moda Renner, disse, ao comentar o terceiro trimestre, que a loja física tem potencial de expansão de vendas nos próximos meses, mas o digital também. O presidente da plataforma digital da Americanas, Márcio Cruz, disse que aumentou o número de usuários diários no aplicativo da Americanas nos primeiros dias de novembro, em relação aos primeiros dias de outubro.
Fonte: Valor Econômico