Por Adriana Mattos | O Mercado Livre informou ontem que deve abrir 11 novos centros de distribuição até o fim de 2025 no país, de forma que o total de centrais passará de 10 para 21 no Brasil. Se o grupo conseguir dobrar esse número, como anunciou, deve se tornar a varejista on-line com a maior área de armazenagem no país, superando Magazine Luiza e Casas Bahia.
A intenção é que outras partes do país atinjam prazo de entrega aos consumidores próximo ao registrado no Estado de São Paulo, quando boa parte do recebimento de mercadorias pelos clientes ocorre em até 24 horas.
Para este ano, os recursos para este reforço na área logística devem sair do plano de investimento de R$ 23 bilhões previsto para 2024, e já anunciado meses atrás. Seis dos 11 centros previstos devem ser inaugurados em 2024.
Ontem, Fernando Yunes, principal executivo do grupo no país, disse que o investimento total de 2024 deve ultrapassar os R$ 23 bilhões, por conta dos desembolsos em projetos totais já aprovados pela companhia.
O plano do grupo foi possível após um início de envio de produtos, para as regiões mais distantes do país, por meio de aviões, que é o tipo de logística mais cara para uma varejista. A companhia opera, por meio de parceria, nove aeronaves.
“Verificamos que havia uma demanda forte de clientes nessas regiões pela entrega aérea a partir de São Paulo, e com isso mapeado, avançamos com o projeto dos 11 centros de distribuição”, afirmou o executivo.
O Mercado Livre não detalha eventuais custos e despesas futuras com esse investimento, considerando que os desembolsos com as centrais envolve um acordo de locação da área no formato “built to suit”.
Nesse modelo, a companhia encomenda um imóvel customizado para alugá-lo no longo prazo, pagando pela locação. O espaço será disponibilizado também para lojistas parceiros do marketplace, que podem pagar para usar a área das centrais estocando os seus produtos.
Neste caso, trata-se de um acordo no formato “fulfillment”. Todos os 11 centros serão abertos dentro desse modelo. São espaços que podem ser utilizados para armazenagem pelos lojistas que vendem na plataforma, e eles pagam pela prestação de serviços, inclusive pela entrega.
As 11 novas centrais do Mercado Livre estarão em locais como Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Pernambuco, além de Bahia e Ceará. Entre os novos endereços, 63% são fora de São Paulo. E com mais centrais perto de regiões metropolitanas, a empresa entende que conseguirá aumentar o total de envios que ocorrem no mesmo dia.
A expectativa é que, com produtos mais perto da casa dos clientes, os custos de frete sejam diminuídos em até 50%, com redução de preços para vendedores e consumidores, disse ontem o diretor de operações da companhia, Luiz Vergueiro.
De janeiro a junho, a receita da companhia no país cresceu 33% frente o mesmo período de 2023, e o Brasil representa cerca de 53% do faturamento total do grupo.
Expectativa é que, com produtos mais perto, custos com fretes caiam até 50%”
Mesmo não sendo tão forte no varejo de mercadorias pesadas, como refrigeradores e lavadoras, que ocupam maiores áreas, o Mercado Livre deve ultrapassar as concorrentes com a inauguração de cerca de 880 mil metros quadrados de 11 novos centros que começam a operar até dezembro do ano que vem.
Essa ampliação de área começa neste ano, com seis novos centros previstos a serem inaugurados, então é provável que essa liderança seja alcançada ainda em 2024. O Mercado Livre já é a maior plataforma e venda on-line da América Latina.
A nova área total de 880 mil metros quadrados, se soma à atual da empresa, com 1,12 milhão de metros quadrados nos 10 centros de armazenagem já em operação, totalizando, 2 milhões de metros quadrados. Isso equivale a 270 campos de futebol, pela metragem padrão.
A Casas Bahia tem mais centros de distribuição hoje, num total de 25, com 1,12 milhão de metros quadrados, mesma área do Mercado Livre atualmente.
O Magazine Luiza tem 21 centrais com 1,13 milhão de metros quadrados. Isso quer dizer que há praticamente um empate entre as companhias, em termos de área de armazenagem disponível, e o investimento a ser feito por elas deve desempatar esse ranking.
Os cálculos foram feitos pelo Valor com base nos dados das companhias informados nos últimos balanços anuais de resultados, e considerando que as redes brasileiras não anunciaram planos de abertura de novos CDs até o momento.
Plataformas asiáticas têm menos centrais no Brasil e operam com maior volume de “cross dockings”, usados como área de permanência de produtos apenas por poucas horas.
A base por metros quadrados a mais tem importância estratégica fundamental no on-line pelo fator logístico. Empresas aproximam a estrutura de distribuição dos clientes porque o prazo de envio e o valor de frete são fatores de decisão na hora da compra.
Quanto mais perto o produto da casa do cliente e mais barato o envio, maior a adesão de compradores aos programas de fidelidade (que atualmente são pagos), e maior é a adesão de lojistas ao sistema de “fullfilment”.
É nos serviços oferecidos aos lojistas pelo “fullfilment”, inclusive, que reside parte do crescimento de rentabilidade das empresas digitais no mundo.
Fonte: Valor Econômico