Abastecebem.com.br, iniciativa da ABAD em parceria com a Infracommerce, reforça avanço da digitalização do setor e prevê atender, a princípio, 1 milhão de pontos de venda no país Um shopping virtual para o pequeno e médio varejo. Essa é a proposta do Abastecebem.com.br, marketplace que nasceu pela iniciativa da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), e que agora toma forma por meio da parceria com a Infracommerce, empresa especializada em serviços para e-commerce. Lançado nesta terça-feira (09/08), na abertura do evento híbrido “ABAD 2021 – 40ª Convenção Anual de Canal Indireto”, o marketplace pretende criar uma rede colaborativa de negócios para vendas de grandes volumes. Em especial, de alimentos e produtos de higiene e limpeza para pequenos supermercados, bares, restaurantes, perfumarias e até para o consumidor final acostumado a comprar em , seguindo a tendência irreversível, iniciada a partir das medidas restritivas, de fazer cada vez menos compras presenciais. Com recursos como computação em nuvem, inteligência artificial e automação de processos (machine learning), o marketplace focará um ambiente B2B amigável e com regras claras, para auxiliar e empoderar o pequeno e médio varejo, cliente do setor, disse Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD. “Quanto mais atacadistas participam, melhor o desenvolvimento da ferramenta, e mais vendas vão acontecer”, acredita ele, que diz que, a princípio, o marketplace atenderá 1 milhão de pontos de venda no país. Kai Phillipe Schoppen, fundador e CEO da Infracommerce, acredita que a parceria representa um passo importante para este mercado, ao usar tecnologia de ponta para digitalizar as trocas comerciais B2B. “Para o atacadista e distribuidor, traz a oportunidade de ampliar canais de venda e potencializar resultados. E para o pequeno e médio varejista, a de se reabastecer com uma experiência 100% digital e personalizada.” Oficializado o lançamento, a previsão é que a primeira transação no Abastecebem.com.br aconteça ao longo deste trimestre, que operará com participação de pelo menos 50 empresas do setor, pelas projeções da ABAD. Já a taxa de adesão será quatro vezes mais baixa que as praticadas atualmente no mercado, algo entre 2% e 3%, segundo Schoppen, da Infracommerce, apenas para manter o custo operacional do sistema. Ainda com foco na transformação digital, o Banco de Dados da ABAD, criado em 1995, também passará por reestruturação total pelas mãos da Neogrid, empresa de soluções de gestão em cadeias de suprimentos. A proposta é apresentar ao mercado um conjunto de informações e serviços relevantes e estratégicos, que servirão como ferramenta para uma gestão eficiente e atualizada, baseada em dados das empresas que fazem parte do Canal Indireto e da Cadeia de Abastecimento, explicou o CEO da Neogrid, Eduardo Ragasol. CULTURA DIGITAL Uma pesquisa realizada em 2020 pelo Comitê Marketplace da ABAD mostrou que 31,97% dos empresários já utilizavam o e-commerce em seus negócios, e 19,67% estão em processo de construção. Por outro lado, 48,36% ainda não tinham o recurso. Entre os 31,97% que já atuavam com o e-commerce, apenas 33% deste total já estavam em um sistema colaborativo de vendas, o marketplace. Mesmo presente em várias indústrias de bens de consumo, a digitalização não havia sido muito explorada no atacado distribuidor – à exceção de grandes players como o Grupo Martins, varejista com frota logística própria que, no fim de 2019, lançou um marketplace com 200 mil varejistas cadastrados, a maioria pequenos. Já a iniciativa da ABAD ganhou impulso com a pandemia, pela criação do Comitê Marketplace, coordenado pelos especialistas Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), e o consultor Germán Quiroga, que participaram do processo desde o início até a escolha da Infracommerce. “O processo de digitalização vinha antes da pandemia. Mas ela acelerou alguns anos em meses, digitalizou a sociedade, o consumidor e o varejo e, naturalmente, o atacado teve de responder a isso”, diz Eduardo Terra. Em sua avaliação, a iniciativa criada como modelo de governança mais eficiente e justo com o marketplace levará uma proposta de valor parecida ou igual tanto para o grande como para o pequeno e médio varejo. A proposta também protege o setor de uma eventual entrada de um player que não seja nativo do atacado da distribuição, mas com uma política comercial às vezes mais danosa e agressiva, reforça o presidente da SBVC. “A ideia é criar um ambiente saudável, competitivo, orientado para o cliente, mas que conecte indústria, distribuidores atacadistas e varejistas que dependem do setor, gerando uma grande rede de colaboração.” Para o presidente da ABAD, Leonardo Severini, esse é um avanço necessário, um caminho sem volta ao qual todos têm de se adaptar o quanto antes. “O desafio é abrir esse canal para os médios e pequenos, que muitas vezes não têm uma cultura digital nem a estrutura tecnológica para criar seus e-commerces sozinhos.” Em , o setor atacadista e de distribuição faturou R$ 287,8 bilhões segundo a ABAD, e em 2020 cresceu 0,7% em termos reais (descontada a inflação), frente a um PIB que caiu 4,1%. Em comparação, o varejo tradicional, incluindo atividades consideradas essenciais, atendido por 95% do varejo atacadista, recuou 0,4%.