Desde os primeiros passos, quando ocupava o cargo de analista de marcas e mercado na companhia, o presidente da fabricante catarinense de malhas e vestuário Marisol, com matriz em Jaraguá do Sul, no Norte do estado, Giuliano Donini, 41 anos, vivenciou junto com a família os movimentos estratégicos que favoreceram no crescimento da musculatura da empresa.
Negócios foram colocados na geladeira, ocorreram mudanças no leque de marcas para públicos diversificados, como a compra da grife de moda de praia Rosa Chá, que foi vendida quatro anos depois da aquisição, enfrentamento de crises e choques culturais.
Agora, apostando na vocação da marca voltada para o público infantil, a companhia concentra forças no mercado interno e tem planos ambiciosos para sua marca mais rentável, a Lilica Ripilica, que deixar de ser apenas a imagem da grife para se tornar uma personagem infantil.
A empresa
A Marisol é uma empresa de capital fechado, com capacidade produtiva anual de 11 milhões de peças de roupas e de 2,2 milhões de calçados. Tem 2.550 colaboradores, que atuam nas operações em dois estados brasileiros. São três unidades de negócios que gerenciam as marcas Marisol, Mineral, Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre, além de coleção própria de licenciados e canais de distribuição.
Fundada em 1964, sob administração da família Donini desde os anos 1990, a empresa é líder no mercado de confecção infantil e franquias no Brasil. Encerrou o ano de 2015 com uma receita líquida de R$ 447,9 milhões, que representa uma redução de 6,6% em relação à obtida em 2014. É a maior rede de franquias de vestuário infantil do Brasil, com 155 lojas instaladas nos principais shopping centers.
A empresa tem operações em dois estados brasileiros. Em Santa Catarina, está localizada a matriz, que também comporta uma unidade industrial, com equipamentos de alta tecnologia, onde são realizados os processos de maior valor agregado na confecção, como malharia, tinturaria, acabamento, área de corte, decorações, confecção de mostruários e produtos diferenciados.
Para ampliar o leque de oferta de produtos e expandir a distribuição nos pontos de venda multimarcas, a empresa buscou licenças de personagens consagrados do segmento infantil.
História de vida
De família italiana, Donini é formado em arquitetura e urbanismo, com especialidade em design de moda, gestão de marcas e administração. O executivo defende a ideia de que a formação deve estar centrada em pensar no próximo e na capacidade de olhar a sociedade de forma integrada.
Ainda jovem, o empresário participou da instalação da indústria em Novo Hamburgo (RS), que posteriormente foi transferida para a unidade de Pacatuba (CE). “Aos 25 anos, era o diretor executivo responsável pela instalação da indústria de calçados. Foi um aprendizado muito grande, tanto para maturidade profissional, quanto para entender os ambientes organizacionais, como enfrentamento de greves”, explica.
Donini atua ativamente na Associação Brasileira da Indústria Têxtil e da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (ACIJS). Ele também integra o Conselho Consultivo da SCMC (Santa Catarina Moda e Cultura).
Concorrência
Para o empresário, um dos maiores problemas da concorrência no ramo de vestuário, em que 18% é do nicho voltado para a moda infantil, é da informalidade. “A pressão não está no mercado exterior, mas nas práticas e vínculos econômicos desleais. A ausência de controle de qualidade, de venda sem nota fiscal e até mesmo de contratos de funcionários sem carteira são os fatores que mais causam prejuízos”, avalia.
No período marcado pelas incertezas no ambiente macroeconômico, Dodini disse acreditar que o momento é de reflexão para se encontrar um equilíbrio nas relações entre sociedade e política. “A expectativa é que definitivamente se caminhe para uma mudança relevante de postura e de pessoas, visto que as que prevalecem já não representam mais a sociedade de bem, da qual somos parte”.
Roupas inteligentes
Com base de nanotecnologia, as novidades presentes nos produtos da Marisol vão desde facilitar o equilíbrio térmico e manter o corpo seco. Fios bacteriostáticos podem deter o crescimento das bactérias e até mesmo tecidos que carregam cheiros especiais. “Temos uma linha para bebê que quanto mais lava a roupa, mais exala um cheiro muito marcante para enfatizar os vínculos emocionais com a peça”, afirmou.
Além disso, a empresa está preocupada com as ações que pensam as relações de corresponsabilidade dos pais com a formação dos filhos.
Por conta disso, recentemente a empresa trabalha na concepção de transformar a coala branca cheia de estilo, que é a imagem da grife, em uma personagem infantil. “Foram séries de insights que tivemos desde a criação da Lilica, em 1991. O momento está em fomentar a potencialidade e também as formas de interação”.