Projeto da Arezzo para alavancar vendas prevê abrir lojas e distribuição para multimarcas e franqueados
Por Raquel Brandão
Com o plano de se consolidar como grupo de moda e ter cada vez mais espaço no guarda-roupa dos clientes, a Arezzo &Co lança neste mês, no dia 12, uma de suas principais apostas: a linha de vestuário da Schutz, marca criada pelo presidente do grupo, Alexandre Birman, ainda no começo de carreira e uma de suas líderes de vendas.
Esse é o primeiro movimento orgânico do grupo no segmento de vestuário. A entrada no universo das roupas começou com a compra da Reserva, em outubro de 2020. De lá para cá, a Arezzo &Co trouxe para dentro de casa a marca de moda jovem e urbana BAW Clothing e a Carol Bassi, de moda feminina de luxo. A Reserva, que fechou a Eva, sua marca para mulheres, trabalha para voltar a esse universo ainda neste ano.
“Grandes marcas de moda que vieram do segmento de acessórios se tornaram muito mais notórias quando fizeram o movimento de ir para vestuário”, diz Milena Penteado, diretora executiva de marcas globais da Arezzo&Co e à frente da Schutz. Vinda do mundo de vestuário, Milena está na Schutz desde 2008. A direção artística será da estilista Cacá Garcia.
O mercado de roupas para mulheres das faixas de renda A e B, público-alvo da Schutz, movimenta cerca de R$ 15 bilhões, mas tem vivido momento complexo. Embora as vendas tenham se aquecido mais recentemente, grandes grupos tiveram suas operações mais pressionadas nos últimos anos. É o caso da Restoque, dona de Le Lis Blanc e Dudalina, e da InBrands, que tem em seu portfólio Ellus, Bobstore e Alexandre Herchcovitch.
Em 2021, a primeira registrou prejuízo líquido de R$ 804 milhões, 60% melhor do que em 2020. Já a InBrands, cujos números de resultado divulgados vão só até setembro, acumula R$ 10,97 milhões de prejuízo líquido, 90,3% menor do que o mesmo período anterior.
Mas a diretora da Arezzo está confiante de que as roupas vão surfar o bom momento de demanda do mercado de moda premium e do grupo, que em 2021 viu a receita beirar os R$ 3 bilhões e o lucro superar R$ 345 milhões. Embora o segmento de maior renda não esteja imune ao cenário de incertezas econômicas, a executiva diz que as vendas seguem crescentes. “Há uma mudança de frequência, mas vemos tíquetes maiores”, diz. “Nosso crescimento foi exponencial e Schutz continua crescendo dois dígitos nesse ano.”
A projeção é de que as vendas da marca cheguem a R$ 1 bilhão em 2022, já com contribuição do portfólio de vestuário, que, em dois anos, responderá por 25% das vendas totais da marca.
O otimismo também ecoa a pesquisa feita com as clientes da Schutz, que tem uma base ativa de mais de meio milhão de pessoas. Para o levantamento foram ouvidas as clientes mais fiéis, com recorrência média de compras semanais. Dessas, 85% disseram que comprariam roupas da Schutz e afirmaram que compram roupas duas vezes por mês. Ainda de acordo com a empresa, para cada par de sapatos, três peças de roupas são vendidas.
A ideia é fazer da Schutz uma marca de estilo de vida. Para isso, vai ter sua própria ‘girl band’. “Criamos a Schutz Band, porque música é onde está a moda e o entretenimento e onde está o público jovem. E queremos também renovar o público”, diz a diretora.
Nesse início de operação, o principal canal de vendas será o varejo on-line da marca, que já responde por 30% das vendas dos calçados. Também inaugura no dia 12 uma loja “pop up” na rua Oscar Freire, no bairro paulistano Jardins. Dias depois, é a vez da loja do Shopping Leblon, no Rio, e há, ainda, um ponto aprovado para inaugurar uma loja no Shopping Cidade Jardim, em agosto, em São Paulo.
Numa segunda etapa, virá a venda em lojas multimarcas. A companhia também estuda como levar o catálogo aos franqueados, o que deve acontecer até o fim do ano.
Apesar do horizonte positivo, a marca nasce em um cenário inflacionário e de cadeia de suprimentos pressionada. O preço médio, de R$ 590 por peça, ficou acima do que era previsto e o universo de fornecedores mostrou-se limitado. Hoje, são 23 fornecedores.
Fonte: Valor Econômico