Por mais que faça uso de tecnologia todos os dias, a loja virtual de móveis MadeiraMadeira surgiu de uma situação tradicional: uma indústria de pisos que exportava 95% dos seus produtos e fechou com a crise econômica de 2008.
A escolha das estratégias corretas levaria o novo negócio a um crescimento médio anual de 80% desde 2010 – e, neste ano, um investimento de 450 milhões de reais liderado pelo Latin America Fund, fundo de cinco bilhões de dólares do conglomerado japonês de telecomunicações SoftBank para startups da América Latina.
Ideia de negócio: móveis pela internet, sem estoque
“Começamos por uma necessidade. Tive de escolher entre virar executivo ou seguir a escola do meu pai, que empreendeu por 30 anos. Passava as férias escolares com ele e o mosquito do empreendedorismo me picou”, conta Daniel Scandian.
Daniel se juntou a dois sócios formados em administração — o irmão Marcelo Scandian e Robson Privado – e aproveitou seus contatos na indústria de pisos para criar uma loja virtual de móveis em 2009.
“Ainda existia uma lacuna muito grande no comércio eletrônico, ainda muito dependente da venda de eletrônicos. Mas sabíamos que outros produtos seriam comercializados com o tempo. Não tínhamos experiência nem em varejo e nem em tecnologia, mas encaramos o desafio.”
Um dos primeiros trunfos da MadeiraMadeira foi criar uma loja virtual de móveis sem nenhum estoque. O comércio eletrônico envia os produtos diretamente do produtor para o cliente em troca de uma comissão – modelo conhecido como marketplace. “Crescíamos somente com a receita das nossas vendas, evitando o problema de fluxo de caixa comum a muitos empreendedores”, diz Daniel.
Além da reunião de diversos produtores na loja virtual da MadeiraMadeira, a empresa usou os recursos para fabricar móveis de marca própria. Entre comércio eletrônico próprio e marketplace, a MadeiraMadeira reúne um milhão de produtos. Os mais vendidos são móveis e itens de decoração, ainda que a empresa tenha acrescentado materiais de construção ao catálogo.
Outra estratégia foi montar uma logística própria – movimento que outros grandes comércios eletrônicos fizeram, como a americana Amazon e a brasileira Magazine Luiza.
Crescimento e próximos desafios
A estratégia garantiu um crescimento médio anual de 80% desde 2010, um ano depois de sua fundação. A receita da empresa foi de 515 milhões de reais em 2018. A MadeiraMadeira projeta repetir a expansão de 80% em 2019 – o que deve ser ajudado por sua mais recente captação com investidores.
A série D de 450 milhões de reais foi liderada pelo SoftBank e completada pelos fundos Light Street Capital e Flybridge Capital Partners. Os recursos serão usados para expandir a logística da MadeiraMadeira. Também irão para tecnologia, melhorando a busca de produtos e colocando recursos como realidade aumentada.
“Seremos cada vez mais profundos na nossa experiência. Quem vende produto e não se especializa acaba não se tornando referência na mente dos clientes. É nosso grande trunfo”, diz Daniel. A loja virtual de móveis tem 700 funcionários e deve contratar mais 200 a 300 pessoas nos próximos seis meses.
Os três criadores da MadeiraMadeira são novos Empreendedores Endeavor. A rede é formada por 1.700 donos de negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos de alto impacto. Espalhados por 35 países, eles trocam conhecimentos e experiências que os levaram a uma receita acumulada de 15 bilhões em dólares em suas mais de 1.100 scaleups, startups de alto crescimento e em fase mais amadurecida.
“A MadeiraMadeira está crescendo rápido e encontramos novos desafios ano após ano. Esse networking com empreendedores que já passaram por obstáculos similares poderá nos ajudar”, diz Scandian. No caminho do amadurecimento do comércio eletrônico, estão tarefas como usar seus novos recursos de maneira inteligente; criar produtos e serviços que melhorem a experiência do cliente e sua relação com a marca; e continuar escalando sem perder a rentabilidade de vista.
A última fase de seleção dos Empreendedores Endeavor desta vez reuniu 29 empresas de 19 países e ocorreu em Istambul (Turquia). Fabio Beal, da startup de monitoramento catarinense Kiper, juntou-se aos empreendedores da MadeiraMadeira nos selecionados em Istambul. No Brasil, são prospectadas anualmente cerca de 5 mil empresas. Menos de 1% chega até o Painel Internacional.
Fonte: Madeira Madeira