A rede de postos de gasolina BR Distribuidora, controlada pela Petrobras, contratou o banco BR Partners para buscar um parceiro no negócio de lojas de conveniência. Entre as companhias que já sinalizaram interesse nas últimas semanas estão Lojas Americanas, Grupo Pão de Açúcar (GPA), IMC (dona do Frango Assado e Viena), Carrefour, a americana 7Eleven e a gestora Advent, conforme antecipou o Valor PRO na sexta-feira.
A mexicana Oxxo, controlada pela Femsa, foi sondada por representantes da BR Distribuidora. O caminho provável é um acordo por meio de uma joint-venture entre a BR e a companhia escolhida. Uma possibilidade no modelo em discussão é abrir lojas próprias (não como franquias) nos postos atuais em sociedade com o novo parceiro, apurou o Valor.
A contratação da assessoria foi interpretada como um sinal de que o projeto pode voltar a avançar, três anos e meio após a empresa ter informado interesse em buscar um acordo na área. Em 2015, a BR admitiu a busca de um parceiro, mas no ano seguinte com apenas três propostas na mesa, a BR mudou o modelo de venda. Decidiu abrir mão do controle, com plano de venda de uma participação de 51% do capital votante.
Este plano acabou sendo adiado pelo então presidente da Petrobras, Pedro Parente. Depois, em 2017, o foco voltou-se para uma oferta pública inicial de ações (IPO) da BR na bolsa brasileira.
Agora, uma empresa que está a par das negociações e tem interesse num acordo diz que há diferentes formatos sendo apresentados ao banco. “Sabemos que há quem queira ficar com toda a rede de lojas e também gerenciar o posto, e há quem aceite uma parceria só com o negócio da loja, ficando com autonomia na administração da operação da BR”, disse uma segunda fonte. “Não está muito claro ainda qual o modelo de negócios eles querem e o que vai vingar”.
Em nota encaminhada ao Valor, a BR informa que a “ estruturação de parceria estratégica está em fase de prospecção de potenciais parceiros para avaliação de aderência destes ao modelo de negócios previsto no plano de negócios e gestão da BR”. Questionada sobre o modelo, a empresa não comentou.
No modelo atual, franqueados administram as lojas e os postos da Petrobras. E os franqueados nem sempre veem a rede de lojas, batizada de BR Mania, como um negócio com potencial. Para tentar desatar esse nó , a BR estaria considerando um modelo híbrido, com a abertura de lojas próprias em sociedade com o novo parceiro, que seria o responsável pela gestão.
Os franqueados pagam royalties de 5% da receita mensal, além da taxa de franquia. O retorno do investimento é estimado entre 24 e 36 meses. A margem Ebitda anual varia de 10% a 15%, diz uma fonte.
Atualmente, neste modelo com franquias, a base de postos com lojas BR Mania é pequena ao se comparar com competidores. São pouco mais de 8 mil postos da Petrobras e 1.231 lojas franqueadas da BR, segundo dados de 2018 da Associação Brasileira de Franquias (ABF). Eram 1.311 em 2017. A rede Ipiranga tem cerca de 8 mil postos e 2,5 mil lojas da rede AM/PM.
A taxa de penetração de lojas BR em postos da Petrobras é de cerca de 15%. Segundo apurou o Valor, a BR quer chegar, em 2025, no mesmo índice da Ipiranga, de 30%. O faturamento BR Mania foi de R$ 1,3 bilhão em 2017— pouco mais da metade da receita da Ipiranga, diz uma fonte.
“Parece que este é um negócio simples, mas não é. São unidades que operam hoje com preços elevados, e por isso, são vistas como opção de compra apenas de emergência. Muitas lojas ainda têm faturamento baixo”, diz Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.
As empresas interessadas na operação da BR foram procuradas, mas não se pronunciaram. (Colaborou Alessandra Saraiva, do Rio)
Fonte: Valor Econômico