Produção sustentável é feita com floresta plantada e essencialmente brasileira. Proposta é ‘transformar a casa no melhor lugar do mundo’, diz empresário.
Na contramão do que ocorre no varejo tradicional, o e-commerce brasileiro cresceu 21% entre 2015 e 2016, segundo o estudo da PayPal Brasil. Nos últimos anos o aumento de procura por produtos pela internet também avançou para o varejo de móveis, que inicialmente não tinha muito apelo pela rede. É natural: quem em sã consciência compraria uma cama sem deitar nela antes?
Conectada com as novas tendências tecnológicas e com a preocupação de demonstrar aproximação e se importar com o cliente, a loja virtual da Meu Móvel de Madeira, de Rio Negrinho, foi uma das pioneiras em vender móveis sustentáveis pela internet.
“Trabalhamos com a proposta da surpresa, não de entregar apenas um produto, mas sim de oferecer uma experiência. Queremos o acolhimento do nosso cliente, se ele comprar ou não é uma consequência”, afirma Ronald Heinrichs, há cinco anos à frente do negócio, que começou em 2006 como um braço da Irani Celulose.
O empresário Heinrichs, 42 anos, é formado em gestão financeira e tem especialização em marketing. Ele comprou a empresa na qual era funcionário, após os chefes pedirem para procurar um investidor para adquirir a empresa. “Foi quando decidi fazer meu voo solo, mas conheci na prática também, com muito esforço, as rotinas de gestão”, afirma.
Produto nacional
A sustentabilidade é uma das bandeiras que conquista os clientes. “Não nos restringimos somente a utilizar madeira brasileira e de reflorestamento. Nós desenvolvemos pessoas e beneficiamento do maior número de envolvidos que podemos atingir, tanto nas fábricas quanto na sede com os colaboradores”, explica o empresário responsável por uma guinada na estratégia de produção da empresa.
Em 2011, Heinrichs fechou a fábrica própria e passou a trabalhar com fornecedores parceiros com a proposta de agregar valor ao produto. Atualmente são 30 fábricas, sendo que 90% estão em São Bento do Sul.
“Trabalhamos com matérias primas apenas a partir de floresta plantada e essencialmente brasileira e de manejos sustentáveis. Temos o cuidado de participar efetivamente para garantir a qualidade deste produto”, disse.
Ao seguir a mesma premissa sustentável, o empresário firmou acordo com pequenos artesãos para a criação das peças de decoração e ainda colocou etiquetas adesivas em produtos vendidos para o Rio de Janeiro e São Paulo, com informações para estimular doações para caridade.
Tantos diferenciais fizeram com que a marca aumentasse o faturamento, que não foi divulgado, e ganhasse destaque entre as melhores empresas para se trabalhar em Santa Catarina. O engajamento das pessoas dentro da empresa chegou a motivar ações voluntárias para ajudar moradores da cidade durante as enchentes, e outras atitudes incentivam atitudes de preocupação com o próximo.
Segundo o empresário, o que motiva tanto os colaboradores, quanto as iniciativas de design e inovação, é conquistado com foco no consumidor. “Nossos esforços estão concentrados em transformar a casa das pessoas no melhor lugar do mundo. Sempre quis fazer o bem, só que eu não sabia que conseguiria fazer isso dentro do próprio trabalho. O dia que as empresas descobrirem isso, elas vão ter resultados recompensadores”, garante Ronald.
O empreendedor afirma que quando assumiu a empresa a impressão era de que poderia ter a sede em qualquer lugar do Brasil. “Me enganei sobre essa impressão, pois nosso grande diferencial está nas pessoas e o interesse delas para solucionar as demandas. O sotaque já nos denuncia, depois tem todo o jeito do interior e até mesmo tempo para resolver os interesses dos clientes, que em grandes empresas concorrentes, o tempo é outro”, afirma.
Com a crise, muitos consumidores passaram a comprar móveis mais simples e de necessidade imediata, o que impactou também nas vendas. Para este ano, a empresa não tem expectativa de grande crescimento, mas aposta nos próximos meses para fechar o ano sem perdas.
Estratégia
Uma das frentes de investimento da empresa durante este período de retração econômica foi intensificar as ações de comunicação. “Quanto melhor o atendimento aos nossos clientes, mais ele vai recomentar para o seu grupo de amigos, compartilhar nossas fotos e até mesmo nos enviar as composições feitas por elas”, disse.
A empresa também apostou em vídeos para a internet. “Trabalhamos muito com a questão da surpresa do cliente e também em sermos fonte de inspiração. O processo de compra do nosso público tem tempo de amadurecimento”, explica.