Estratégias rápidas, com o foco em pessoas e na saúde de cada uma delas. É assim que o Magazine Luiza e a Apas (Associação Paulista de Supermercados), com os seus 1.500 supermercados associados (representando 80% do varejo alimentar de São Paulo) estão conseguindo se sobreviver à pandemia.
A live da SuperVarejo desta terça-feira (dia 14), com Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, e Ronaldo dos Santos, presidente da Apas e vice-presidente da rede de Supermercados Covabra, rendeu muito aprendizado em termos de varejo, adaptação e estratégias para lidar com uma pandemia mundial, que impacta vários setores da sociedade, mas que nem por isso deve abater as pessoas e a força dessa cadeia que movimenta o País.
“Realidades diferentes exigem atitudes diferentes. Sabíamos que não ia ser fácil e vimos que essa crise era grave e que pouco se sabia. Por isso nossa saída, no início, foi fechar todas as nossas 1.100 lojas, transformando algumas em centros de distribuição; ampliar o nosso marketplace (com quase 300 mil vendedores atualmente) e atendermos no mobile, nos primeiros meses”, explica Trajano.
Atualmente, com o plano de retomada de cada município, a rede reabriu 75% de suas lojas (seguindo as regras de horário em cada região) e já acumula 46% de crescimento nas vendas, no mês de maio, e 34% de aumento nas vendas totais do e-commerce, no primeiro trimestre deste ano, na comparação com 2019. “Não sabemos se será uma euforia de vendas que depois vai voltar ao normal ou como vai ser. Por isso, tanto para nós, quanto para o pequeno e o médio varejo, eu digo: calma! Logo mais teremos uma vacina que vai combater efetivamente esse vírus e, aos poucos, retomaremos as nossas vidas”, relembra a empresária, ressaltando a importância que foi também os planos de ajuda do Governo para as pessoas e as empresas.
Para Santos, a retomada normal mesmo só vai acontecer após essa vacina também. “Até lá, durante esses primeiros meses aprendemos como foi possível fazermos mais rápido do que imaginávamos, adotando diversos protocolos rapidamente. O setor supermercadista passou a ser reconhecido nacionalmente como essencial, ao mesmo tempo em que tomávamos atitudes, muitas vezes juntos aos órgãos públicos e governantes, para garantir a segurança e o abastecimento de todos, em um curto espaço de tempo”, explica.
Questões como a venda de algumas categorias vendidas pelos supermercados, como os produtos de higiene pessoal e bebidas, e que agora são vendidas pelo Magalu também foram discutidas. “Ainda não sabemos o que vai ser ou se vamos vender outras categorias além dessas, mas gostamos de parcerias e cogitamos fazer algumas com os supermercados regionais. Afinal, o nosso lema é que ‘temos de tudo’, mas nos restringimos aos não perecíveis e sabemos que não seremos supermercado”, antecipa Trajano.
O crescimento do e-commerce
Ambos concordaram que a pandemia antecipou o desenvolvimento das vendas online, mas ao contrário do varejo tradicional, o alimentar ainda tem um caminho a percorrer, na opinião do presidente da Apas. “Sem dúvida após esse longo período de isolamento, o e-commerce alavancou e vai deixar um reflexo positivo e forte, mas no caso dos supermercados, ele ainda é uma fronteira a ser desbravada, principalmente no que se refere à venda de linha seca, que é um grande desafio para os perecíveis. É preciso considerar que as vendas dobraram de 2% (antes da pandemia) para 4% e que este crescimento, apesar de positivo, também representa um gargalo para o setor, que precisa ser trabalhado”, explica Santos.
Na opinião de Trajano, uma das lições que o mundo digital está deixando é que “todos os escritórios não vão mais trabalhar da mesma maneira depois de toda essa simplificação. Por isso, o digital deixará de ser uma plataforma para se tornar um modo de vida, que nos ajuda a irmos direto ao ponto e a enxugar muitas etapas e procedimentos”, defende.
Fonte: Super Varejo