Por Monica Scaramuzzo e Ana Luiza de Carvalho | A empresa de cosméticos Jequiti, voltada para o público de baixa renda, voltou a conversar com potenciais interessados pelo negócio, apurou o Valor. A companhia do grupo Silvio Santos havia contratado nos últimos meses o Bradesco BBI para buscar compradores, mas as conversas não avançaram, segundo fontes.
Fontes afirmam que o grupo Cimed, do empresário João Adibe, teria se aproximado este ano da empresa do grupo Silvio Santos. Em nota publicada pela revista “Veja”, a farmacêutica estaria avaliando o ativo.
O Valor apurou que a Jequiti foi apresentada para o empresário João Adibe, que já tinha manifestado publicamente o interesse em investir em uma empresa de venda de porta a porta, mas as negociações não engataram. Em março, a companhia informou, durante evento com seus fornecedores, que tinha interesse de fazer aquisição nesse segmento.
Procurada, a Cimed não comenta o assunto. Já a assessoria da Jequiti informou que não tem posicionamento oficial para comunicar ao mercado.
Fontes afirmam que a família do empresário, que é dono do SBT, contratou uma assessoria financeira para vender o negócio.
A empresa de beleza faturou R$ 360 milhões em 2022, com prejuízo de R$ 94 milhões
Com operações consideradas deficitárias nos últimos anos, os dados financeiros disponíveis da companhia são de 2022. À época, a empresa de beleza registrou faturamento de R$ 360,5 milhões e prejuízo de R$ 94,2 milhões, de acordo com levantamento do Valor Data com base em informações publicadas no Diário Oficial do Estado de São Paulo.
A empresa de beleza vem tentando reposionar a marca nos últimos anos na tentativa de retomar o crescimento das vendas, segundo fontes. Após a recessão de 2015, a família Abravanel fez uma reestruturação dos negócios. Com o início da pandemia, contudo, a companhia voltou a passar por uma nova remodelação da marca. As vendas também foram afetadas pelo crescimento da concorrência no mercado – a Natura aumentou participação no segmento de vendas diretas com a compra da Avon.
Fontes afirmam que, em uma potencial venda do negócio, os compradores assumiriam os passivos da empresa, que tem um valor de mercado baixo.
O principal canal de distribuição da companhia continua sendo a venda direta. Com a pandemia, empresas que não avançaram no canal digital perderam espaço neste segmento.
O setor de cosméticos e cuidados pessoais domina 42,7% das vendas diretas (feitas por meio de empreendedores ou distribuidores independentes) no Brasil, de acordo com a pesquisa de campo realizada pela empresa CVA Solutions e divulgada pela ABEVD (Associação Brasileira das Empresas de Vendas Diretas) no ano passado.
No perfil dos profissionais que atuam nesse modelo de negócios, 60% são mulheres e 79,5% têm entre 18 e 40 anos, segundo a ABEVD.
Ainda de acordo com a associação, as vendas diretas movimentaram R$ 45 bilhões em 2022 em produtos e serviços no país. A força de vendas no Brasil tem cerca de 3,5 milhões de empreendedores, que atuam como revendedores diretos das empresas, seja em modelo de marketing multinível ou mononível.
A maior revendedora de produtos no Brasil é o grupo brasileiro Natura, que reforçou sua força de vendas diretas com a compra da Avon.
Fonte: Valor Econômico