Por Adriana Mattos | A sueca H&M, uma das maiores redes de moda do mundo, que abrirá as primeiras lojas no Brasil na segunda metade de 2025, pretende se posicionar em faixas de preço médio em que possa competir diretamente com Renner, Riachuelo e C&A, apurou o Valor.
Esse é um dos principais pontos de dúvida de analistas e investidores hoje, pela hipótese de maior competição frente às cadeias nacionais de capital aberto, que já são alvo de concorrência das plataformas on-line chinesas Shein e AliExpresss.
A intenção é explorar a faixa de consumidores do segmento médio, se distanciando da espanhola Zara, mais cara que as varejistas brasileiras, e que após a entrada no país passou a explorar um patamar de preço acima das cadeias nacionais.
Há duas unidades para abertura da marca no país com contratos já fechados, como informou o Valor na quarta-feira (18), após a primeira apresentação da linha de frente da varejista sueca no Brasil, no evento Latam Retail Show, da consultoria Gouvêa Ecosystem.
A ideia de nacionalizar parte dos produtos vendidos no Brasil, com fornecedores locais, como a H&M comentou em sua apresentação no evento, pode ajudar a empresa a manter preços competitivos.
Além disso, uma fonte a par do tema antecipou que a H&M negocia a abertura da primeira loja com a presença de uma “supercelebridade”, numa inauguração que deve acontecer na cidade de São Paulo, em um dos shoppings do grupo Iguatemi ou do grupo Multiplan.
“É alguém com forte apelo nas redes sociais, mas sem a imagem de inalcançável, como é a H&M, que vende moda de boa qualidade e democrática”, afirma uma segunda fonte.
O contrato da loja número 1 já está fechado, inclusive. Entre os nomes, um publicitário do setor de moda ouvido, que não trabalha para a H&M, aposta em Anitta ou Gisele Bundchen, que já fez ações da marca C&A no passado.
A primeira abertura do ano que vem deve ocorrer entre setembro e novembro, diz uma fonte.
Já está decidido que não devem ser inauguradas lojas no país em dezembro, pelo alto tráfego de pessoas nos shoppings no mês, o que tornaria uma abertura muito “complexa e possivelmente confusa”, diz um executivo de shoppings. Isso só deve ocorrer se atrasar alguma abertura, e se for mesmo necessário inaugurar em dezembro.
A H&M não comenta informações sobre seu plano de entrada no Brasil, além do já divulgado.
O plano inicial, diz a fonte, é que a primeira inauguração ocorra num empreendimento altamente ligado ao conceito de moda, por isso, varejistas concorrentes ouvidas hoje acreditam que será no Iguatemi, na avenida Faria Lima, na capital paulista.
Uma questão que atrapalha um pouco os processos, além da burocracia nas aberturas — como disse no evento Latam Retail, a executiva Maria Fernanda De Luca, diretora financeira da H&M Brasil —, é a necessidade de ajustes nos acordos, apurou a reportagem. A H&M não comenta esse assunto.
Ocorre que mudanças em qualquer condição dos contratos e as prospecções exigem que os suecos avaliem e deem o aval, e em parte por isso, a entrada no Brasil será em 2025, como o grupo informou dois anos atrás.
Apesar de possivelmente se posicionar mais distante da Zara, do grupo Inditex, em termos de preços, a varejista espanhola começou a voltar a investir no país em 2023.
A empresa abriu uma unidade no shopping Center Norte, em São Paulo, em agosto de 2023, com três mil metros quadrados. Em outubro, inaugurou uma nova loja de 2 mil metros quadrados no Shopping Pátio Higienópolis.
Fonte: Valor Econômico