Para alavancar seu projeto de expansão pelo Rio Grande do Sul, a rede catarinense de lojas de departamento Havan (foto) pretende inaugurar dez novas lojas no segundo semestre. Até dezembro, está prevista a abertura das unidades de Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Pelotas, Esteio, Erechim, Gravataí, Guaíba, Ijuí e Viamão. Os pontos de Caxias do Sul e Passo Fundo já foram inaugurados. O investimento total da Havan no estado, que pretende abrir 50 lojas até 2022, deve chegar a R$ 2 bilhões.
As obras estão mais avançadas em Santa Cruz do Sul, onde a terraplanagem do terreno adquirido já foi concluída e o prédio começou a ser erguido. A Havan estima que a unidade deverá ser inaugurada em 14 de setembro. Na semana passada, a empresa também iniciou a construção da loja de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, que deve ficar pronta até novembro. Na capital gaúcha, um terreno próximo à sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) poderá receber uma unidade, além de outras sete em diferentes locais da capital gaúcha.
Para se instalar em Santa Cruz do Sul e em Santa Maria, a Havan demorou a entrar em um acordo com os sindicatos dos comerciários. A empresa queria abrir suas lojas entre 9h e 22h, inclusive aos domingos e feriados – o que esbarrava na convenção firmada anteriormente pelos trabalhadores do comércio. Em fevereiro, o presidente da empresa, Luciano Hang, reclamou da demora no processo. “Não é possível que a gente abra loja em todo o Brasil e vamos ter cidades no Rio Grande do Sul que não querem desenvolvimento e emprego. Não queremos esperar, queremos abrir o mais rápido possível”. Após semanas de impasse entre janeiro e fevereiro, a rede chegou em um acordo com os comerciários. Serão empregadas 300 pessoas, somando as duas cidades.
O movimento da Havan chama a atenção do mercado pelo volume de investimento e pela expansão contínua e agressiva. Para o consultor de varejo Alberto Serrentino, da consultoria Varese Retail, a Havan está entrando em uma nova fase. “Com esses investimentos no Rio Grande do Sul, claramente estão chegando próximo aos grandes centros. Devem ser um player relevante na região Sul e Sudeste a médio prazo”, antevê. Não é a primeira vez que a Havan tenta entrar no mercado gaúcho. No final dos anos 1990, a diretoria da empresa teria se reunido com representantes da prefeitura de Porto Alegre, durante o governo do prefeito Raul Pont, para apresentar um projeto de loja na cidade. Mas o projeto teria sido abortado após gestores do município criticarem a construção de uma réplica da Estátua da Liberdade. Na época, Curitiba acabou recebendo duas lojas da rede, inauguradas em 1999.
A Havan evoca um modelo de lojas de departamento que foi próspero no passado, quando ocupado por gigantes como Mesbla e Mappin, mas que definhou. Apesar do formato de negócio aparentemente anacrônico, os números impressionam: a rede possui 124 unidades espalhadas por 17 estados do país. Há dois anos, eram 94. Na escassez de grandes centros comerciais ou shopping center, a rede ocupa um vácuo em praças secundárias. “É um negócio sustentável porque a Havan opera em cidades onde há demanda para isso”, afirma Serrentino. Construídas em terrenos próprios, suas megalojas vendem todo tipo de produto: de máquinas de lavar a ursinhos de pelúcia.
Fundada em 1986 na cidade de Brusque (SC) inicialmente como uma modesta loja de tecidos, a Havan ganhou fôlego em meados da década de 1990, quando ultrapassou as fronteiras de Santa Catarina. Contudo, a expansão fora do Sul começou mais recentemente, a partir de 2012. Atualmente, a rede emprega cerca de 16 mil pessoas. No ano passado, estima ter faturado mais de R$ 7 bilhões, ainda que não apresente seu balanço. A empresa projeta ter 200 lojas em todo o país até 2022.
Fonte: Amanhã