O mercado de clubes de assinatura vive uma nova fase no Brasil com o ingresso de empresas de grande porte, como a multibacional de bens de consumo Procter & Gamble (P&G) e o grupo varejista Pão de Açúcar (GPA). A primeira lançou em janeiro um serviço de entrega de lâminas de barbear da sua marca Gillette; a segunda já atua desde setembro com assinatura de vinhos.
O Gillette Refil Club fornece aos clientes refis de lâminas de barbear com preços de R$ 15,69 a R$ 35,29, dependendo de qual dos três planos for escolhido. O consumidor tem opção de escolher a data de entrega que preferir.
A diretora da marca Gillette no Brasil, Juliana Moretti, diz que a movimentação da fabricante foi fundamentada na perspectiva de atrair o público mais jovem e fidelizá-lo. “Os jovens são o futuro da categoria, então a gente faz desde o começo com que ele esteja conectado com a Gillette”, afirma. Para ela, o clube de assinatura precisa causar impacto sobre o público mais novo e ser visto como algo “legal e confortável”.
Não só a conveniência e a facilidade para o consumidor fizeram a Gillette entrar no mercado de clubes de assinatura. Assim como o Gillette Refil Club, grande parte das assinaturas são feitas na internet. Isso foi considerado pela marca ao criar seu modelo. “A ideia é customizar algo para esse consumidor que está no digital, que é principalmente feito de jovens que passam horas conectados”, diz Juliana.
Embora os objetivos sejam diferentes, outras empresas de grande porte estão entrando no mercado de clubes de assinatura. Hoje, o setor conta com 350 clubes e a tendência para 2017 é de crescimento de 20%, segundo a Associação Brasileira de Clubes de Assinatura. O GPA atua por meio do Viva Vinhos, que faz entregas mensais de rótulos exclusivos. E a rede rede global de empórios e restaurantes Eataly criou os planos Prima e Superiore.
Para o presidente da associação de clubes, Gabriel Ribeiro, o ingresso da Gillette e outras marcas nesse mercado é positivo porque, além de dar ânimo para os empreendedores que buscam uma participação nos canais de grandes empresas, também divulga o modelo de e-commerce. “A maior parte das pessoas no Brasil não conhece esse modelo e, quando um player desse entra no mercado, faz com que as pessoas descubram a possibilidade de assinar produtos que não só lâminas de barbear”, avalia.
Prós e contras
Uma das vantagens para as empresas nos clubes de assinatura é a previsibilidade. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de E-commerce (Abcomm), Rodrigo Bandeira Santos, no modelo de assinaturas, saber o número de assinantes ajuda na gestão do estoque, e a logística fica muito mais prática. “A empresa tem uma condição mais ou menos previsível de estoque, de quanto ela compra e armazena, além de começar o mês já sabendo para quantos e onde enviar os produtos”, diz.
No entanto, fazer um clube pode apresentar algumas dificuldades no que se refere ao modelo de negócio. “Existem três barreiras para as grandes marcas: como vender, como reter e como proporcionar uma experiência mais completa”, avalia Ribeiro. Para ele, os clubes de assinatura têm uma aproximação diferente com o cliente, mais próxima e segmentada, além de ter a preocupação em fidelizar o público, fornecendo conteúdo diferenciado junto com informação acerca dos produtos.
Para Ribeiro, da associação de clubes, as empresas veem essa modalidade como mais uma forma de divulgação de seus produtos. Fazer um clube próprio é apenas uma das opções para expor produtos. “Ela também pode usar os clubes já existentes e inserir seus produtos nas caixas para ampliar o conhecimento [do público] sobre dos produtos”, comenta. Segundo a associação, o alcance mensal dos clubes no Brasil é de 2 milhões de pessoas.
Da perspectiva do cliente, o clube facilita processos do cotidiano. “É uma experiência de compra, o cliente recebe em casa, em total conveniência, com a periodicidade que ele determinou”, afirma Santos, da Abcomm. Com a assinatura, diz, o cliente não corre o risco de esquecer de comprar um produto que já consome mensalmente porque o processo se torna automático.
Fonte: DCI