Para que as empresas sejam vencedoras em seus processos de inovação, é preciso definir quem são seus clientes, sua proposta de valor e a capacidade de entregar todas essas promessas. Esses são os princípios básicos para que uma companhia, de qualquer segmento, consiga inovar, segundo o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, em apresentação no BR Week 2017, o maior congresso de varejo do País.
“O varejo vive um permanente equilíbrio entre o raciocínio estratégico e a entrega. Negócios de varejo prosperam quando são capazes de pensar de forma simples. Se não for assim, ele se perde ao longo do caminho”, afirma. “Iniciar, promover e manter esforços permanentes de inovação é um enorme dilema diário. É preciso um equilíbrio da agenda de longo prazo e isso é crítico”, diz. E isso vale em qualquer cenário, com ou sem crise.
Tudo parece muito simples e já dito, mas colocar esses princípios básicos em prática e, assim, criar uma base sólida para a inovação não é fácil. “Primeiro precisa pensar no básico, ter clareza de posicionamento, foco, disciplina e criar engajamento”, avalia. “Gente engajada pressupõe uma cultura forte para desenvolver pessoas que são capazes de engajar clientes”, explica.
Esforços para inovar
Criar essa base para a inovação requer movimentos claros e simples. E isso deve percorrer toda a jornada de consumo e envolve toda a cadeia e não apenas aquilo que é visto nas lojas. “O esforço de inovação no varejo não é o esforço de fazer mais, mas o esforço de fazer menos. As pessoas querem ofertas, lojas e sortimentos mais simples. Querem marcas e negócios que resolvam problemas e que sejam rápidas para entender suas demandas e entregar respostas e isso significa subtrair e não somar”, explica.
Para Serrentino, inovação não está associada à tecnologia necessariamente. Mas pode estar nos processos, nos modelos e formatos. “A maior inovação do varejo alimentar dos últimos anos, por exemplo, foram os atacarejos”, afirma. O consumidor lê o que está na loja e não o modelo de negócio.
Os desafios da inovação
Inovar requer uma cultura em prol da inovação. E isso inclui pessoas abertas à mudança. “Não se inova uma empresa colocando mais tecnologias, se inova inserindo na cabeça das pessoas a cultura da inovação”, diz. Falar sobre cultura de inovação é, por consequência, falar de uma cultura digital. E ela precisa ser top down. “Só funciona com liderança exemplar. Cultura se molda pelo exemplo”, diz.
“Temos uma cultura de varejo com muita transpiração. Isso é fundamental, mas não é suficiente. Precisamos trabalhar de forma mais inteligente, com mais dados”, diz. Outro ponto mencionado pelo especialista é a cultura da intolerância ao erro. “Não se inova com medo de errar – isso é algo que as startups estão nos ensinando. Elas testam e se der certo, elas aperfeiçoam. Temos de abrir a cultura das empresas para a colaboração e isso só funciona se as empresas tiverem uma obsessão pelos consumidores, porque se não gera valor para o cliente e se não resolve o problema dele, não serve para nada”, explica.
Fonte: Novarejo