Redes Vó Alzira e Grão Expresso unem operações, visando chegar a 1.000 PDVs e IPO em 2024; primeira Vó Alzira internacional será inaugurada em abril, nos EUA
Por Paulo Gratão
A receita das franquias de alimentação para 2022 acaba de ganhar mais um ingrediente de peso: o Grupo Z+, holding criada a partir da fusão de duas marcas tradicionais do sistema de franchising nacional, a carioca Fábrica de Bolo Vó Alzira e a paulista Grão Espresso. O conglomerado ainda reúne a Vó Alzira Café, uma nova marca da rede de bolos, e está em negociações finais com a rede MyCookies, totalizando quase 600 lojas em operação. A projeção é fechar 2021 com um faturamento de R$ 400 milhões.
A primeira aparição pública do Grupo Z+ ocorreu na feira de franquias da Associação Brasileira de Franchising do Rio de Janeiro (ABF-Rio), no mês passado. Os detalhes foram compartilhados em primeira mão com PEGN.
Segundo o CEO do Z+, André Rodrigues, esse movimento é apenas o começo: a empresa pretende ir às compras para trazer mais marcas, e já está de olho em algumas que podem ajudar a complementar o portfólio, como uma rede de alimentação saudável. “Franquia é muito dependente de escala. Quanto maior, mais capaz de diluir custos fixos, como treinamento e consultoria de campo presencial”, explica. Além disso, o executivo prevê oportunidade de promoções conjuntas entre as redes.
A fusão se deu por meio de concessão de ações do Grupo Z+ à Grão Espresso, com base no faturamento da rede, e não envolveu transações em dinheiro. Pedro Eduardo Weinberger, diretor da marca paulista, se tornou sócio da holding.
“Tivemos muito cuidado na integração das pessoas, procuramos comunicar a equipe e os franqueados primeiro e só depois o mercado. Vamos nos beneficiar de um centro de suporte compartilhado, que melhora o nível de serviço. E vamos manter a equipe de operação da Grão Espresso. O relacionamento dos franqueados continua tendo como principal elo o fundador da marca”, diz Rodrigues.
De acordo com ele, a franqueadora fez um evento em São Paulo para se aproximar dos franqueados da Grão Espresso, com direito a degustação de produtos da Vó Alzira.
O objetivo do Grupo Z+ é chegar a um total de 1.000 lojas até 2024, com um faturamento de R$ 600 milhões. Até lá, o plano é preparar a holding para ganhar corpo, acelerar a profissionalização e se tornar alvo de novos investidores, por meio de um IPO (oferta pública inicial de ações).
Hoje, a Fábrica de Bolo Vó Alzira, fundada em 2007, tem cerca de 300 franquias; a Grão Espresso, que abriu a primeira cafeteria em 1994, tem 240 lojas em 23 estados e a Vó Alzira Café deve chegar a 20 unidades até o primeiro trimestre de 2022. “Faz sentido termos duas cafeterias no portfólio, porque elas se complementam. A Vó Alzira Café oferece um pouco mais de experiência, enquanto a Grão Espresso é mais focada em conveniência, com unidades em shopping centers, hospitais e centros comerciais”, diz. A nova integrante, MyCookies, fundada pela empreendedora Natalie Pavan em 2016, tem 70 lojas em operação.
Rodrigues diz que a primeira unidade internacional do grupo, adiada devido à pandemia, também deve sair do papel em 2022. Uma operação dark kitchen da Fábrica de Bolo Vó Alzira começará a funcionar em abril em Miami, nos Estados Unidos, e será administrada pela própria fundadora da marca, Alzira Ramos. A previsão de investimento no negócio é de US$ 150 mil. Depois, a ideia é abrir uma loja física e iniciar os estudos para expansão.
Além disso, a empresa estuda a possibilidade de lançar no próximo ano seu próprio banco digital para concessão de crédito aos franqueados, a fintech Z+ Bank.
A Vó Alzira vem passando por um processo de profissionalização desde 2018, quando o fundo de investimentos Grupo Leste comprou 40% das ações da marca. De lá para cá, a rede cresceu de 190 para 300 operações e desenvolveu uma estrutura industrial. A marca tem uma fábrica no Espírito Santo, que fornece mistura de bolo para as lojas, e outra recém-inaugurada no Rio de Janeiro, com capacidade para produzir 200 toneladas por mês de produtos de confeitaria e panificação.
Isso, inclusive, foi um dos fatores que levou Rodrigues a olhar para oportunidades de fusão com outras redes de alimentação. De acordo com ele, boa parte das redes de food service em operação no país são de serviços, com fornecedores de insumos homologados. “Conseguimos substituir essa demanda com nossa própria indústria, gerando uma economia e um faturamento muito maior para a marca”, diz.
Ao longo dos últimos meses, o setor de franquias tem passado por um forte movimento de consolidação, principalmente as redes de alimentação. Exemplos recentes foram a compra da rede Horta 31 pela Boali, a aquisição do China in Box e Gendai pelo Grupo Trigo e a criação do grupo Antaris Franchising, pelo máster-franqueado do Jhonny Rockets no Brasil, com duas outras redes de culinária.
Especialistas consultados por PEGN comentaram que esses movimentos devem continuar a ganhar força tanto pela união de forças de marcas que sofreram grandes impactos ao longo da crise sanitária, quanto para atender a novas demandas e mais horários de refeições do consumidor. O olhar na estratégia de delivery, por exemplo, foi o que fez o Burger King tentar comprar a Domino’s há alguns meses.
As franquias de alimentação food service faturaram R$ 8,6 bilhões no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) de 2021, cerca de 7,9% acima do mesmo período no ano passado, segundo balanço da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Foi um dos quatro resultados mais expressivos no relatório. No entanto, é preciso considerar que a base de comparação era fraca.
Assim como em boa parte do setor, o delivery se tornou um importante canal de venda nas redes operadas pelo Grupo Z+. Rodrigues diz que as vendas por entregas cresceram seis vezes de tamanho ao longo da pandemia. Hoje, mesmo com a reabertura econômica, ainda representam entre 20% e 30% do faturamento das marcas.
Fonte: PEGN