Por Paulo Gratão | O setor de franquias brasileiro cresceu 19,1% no primeiro trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo um faturamento de R$ 60,5 bilhões. No acumulado de 12 meses, o avanço foi de 14,3% – somando receitas de R$ 250,3 bilhões. Os dados são da Pesquisa Trimestral de Desempenho, da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Todos os 12 segmentos mapeados apresentaram crescimento no período, com destaque para Alimentação – Comércio e Distribuição, que teve 43,9% de evolução. “Redes de chocolate relataram um grande resultado na Páscoa, agregando ao desempenho do primeiro trimestre um faturamento significativo. Mais marcas atuando e uma forte demanda no nicho de sorveterias e açaís, por conta das ondas de calor, também alavancaram o setor como um todo neste trimestre”, analisa Tom Moreira Leite, presidente da ABF.
As maiores redes de venda de chocolates finos do Brasil, Cacau Show, Kopenhagen e Brasil Cacau – as duas últimas pertencentes ao Grupo CRM -, confirmam essa tendência. A primeira, comandada por Alexandre Costa, tem cerca de 4,2 mil lojas em operação no Brasil e registrou um faturamento de R$ 1,7 bilhão no período de Páscoa, 27% a mais do que no ano passado. O resultado é atribuído a uma nova abordagem publicitária, ao avanço de 20% do e-commerce e ao aumento de representatividade da venda direta, canal reativado pela marca em 2017.
Já no Grupo CRM, que compõe o portfólio da Nestlé, o crescimento na Páscoa deste ano foi de 20%, motivado pelo reforço no trabalho de marketing regional, produtos licenciados e collabs.
Além de Comércio e Distribuição, os segmentos de Food Service e de Serviços e Outros Negócios – com destaque para franquias B2B, de logística e de marcas ligadas ao agronegócio – apresentaram crescimentos expressivos, de 26,6% e 25,3%, respectivamente. A ABF atribui os números positivos à consolidação do atendimento presencial em restaurantes e à manutenção das operações de delivery pós-pandemia, bem como à alta geral do setor de serviços.
Os resultados ainda não consideram os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul, que começaram em abril. De acordo com a entidade, cerca de 11 mil unidades franqueadas funcionavam no Estado antes das enchentes. “Estamos acompanhando de perto. Muitos donos de unidades foram afetados e veremos os números com mais clareza na pesquisa do segundo trimestre”, diz Leite.
O setor registrou saldo positivo de 5.733 operações, entre janeiro e março, ante o mesmo período do ano passado. O setor totalizou 1,658 milhão de empregos diretos, 4,9% a mais do que no primeiro trimestre do ano anterior.
As operações de rua ainda dominam o franchising, correspondendo a 54,2% do total de lojas no primeiro trimestre de 2024 – em 2023, eram 52% -, seguidas por lojas em shopping centers, que representam 19,8% do todo, frente a 22,2% no ano passado.
A categoria “Outros” passou de 5,2% para 11,7%, puxada por mercados autônomos e operações em prédios comerciais, postos de combustível (lojas de conveniência), condomínios residenciais, “store-in-store”, com mais de uma marca dentro de uma mesma operação, hospitais e clubes esportivos.
“Os minimercados autônomos têm uma contribuição importante, mas o resultado não se limita a isso. Com a pandemia e a mudança de hábitos, mudaram os locais com maior circulação de pessoas. Dessa forma, as franquias têm buscado outros espaços para explorar, como hospitais e postos de gasolina. O modelo “store-in-store”, também é uma tendência”, afirma Leite.
A pesquisa da associação é feita por amostragem, com base em respostas de redes associadas e não associadas, e levantamentos feitos por outras entidades e governos.
Fonte: Valor Econômico