O setor de franchising também está crescendo e sendo impactado pela transformação digital A transformação digital do varejo já não é mais novidade para quem lida com o setor diariamente. Para se ter ideia, de acordo com um estudo da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), 69% dos varejistas investiram em digitalizar o negócio em 2020. Em março deste ano, esse número já saltou para 90%. Esses dados provam que a questão do digital já é prioridade e fator impulsionador para gerar novas oportunidades de venda e crescimento. Empresas que até recentemente atuavam apenas com a loja física passaram a ter a tecnologia como grande aliada nesse processo que envolve, principalmente, a abertura de e-commerces, integração com marketplaces e redes sociais. O setor de franchising também está crescendo e sendo impactado com essas transformações. Segundo projeções para 2021 da ABF (Associação Brasileira de Franchising), é previsto aumento no faturamento de 8% em relação à 2020, além de expansão de 5% das redes. Mas será que, para as franquias, o caminho para a digitalização é o mesmo? Bom, depende. Existem quatro pontos imprescindíveis para unir o modo digital às franquias de forma saudável e lucrativa para ambos os lados. Comunicação como chave Primeiro, é preciso entender a importância de uma comunicação saudável entre o franqueador e o franqueado para evitar possíveis conflitos com a alteração de rotina do negócio. O sistema de franquias é baseado em uma franqueadora que transmite seu conhecimento e processos de gestão para lojas físicas espalhadas em vários lugares, com diferentes donos. Assim, cada loja possui um estoque independente e certa liberdade em relação a processos internos. O e-commerce, por sua vez, usa uma plataforma centralizada, e isso pode ou não se refletir na distribuição dos produtos. Quando é centralizada (a partir do Centro de Distribuição), as lojas e o e-commerce não compartilham informações e, na visão do franqueado, se tornam concorrentes. Focar em manter um alinhamento de interesses entre os dois lados é a melhor forma de evitar esses problemas, já que o objetivo é ter o e-commerce como um parceiro da loja física. Uma abordagem centrada na omnicanalidade sem dúvida irá tornar essa mudança muito mais simples, mesmo envolvendo mais plataformas. Financeiramente inteligente Integrar o virtual e o físico também requer inteligência na hora de manter a engrenagem financeira rodando bem. Afinal, se o varejo é omnicanal, as franquias também devem ser – e isso significa que a remuneração dos franqueados se torna uma pauta importante. Existem alternativas eficazes: remunerar todas as lojas de forma igual a partir das vendas geradas no on-line; atribuir as vendas virtuais às lojas físicas mais próximas do endereço que fez o pedido, como se o PDV fosse responsável pela venda; remunerar as lojas apenas quando os pedidos saírem do estoque do PDV (seja via modo “clique e retire”, seja pelo envio comum a partir da loja).Também é necessário levar em conta aspectos como a cultura da empresa e acordos já existentes entre franqueador e franqueado – sem esquecer que, sim, as franquias precisam fazer parte da operação digital. Franqueado digital Digitalizar a operação é importante, mas, mais do que isso, é necessário trazer o digital para a linha de frente, incluindo o franqueado e o time de atendimento. Com as alterações de modelo de venda, atrelar as vendas às redes sociais, como o WhatsApp, se tornou bem mais fácil e é uma forma de melhorar o relacionamento entre a marca e cliente. Afinal, a plataforma é otimizada com diversas opções, incluindo catálogos digitais. Para isso, é necessário que existam treinamentos para a equipe de venda, que deve sempre manter o tom da comunicação da marca, de forma personalizada e humanizada, pensando não só em atrair, mas em fidelizar o cliente durante a jornada de compra. A franquia faz parte de uma grande rede, mas ainda assim possui particularidades e deve se ater ao melhor modo de se comunicar com o seu público específico. Ominicanal de ponta a ponta O marketplace também é um mar de possibilidades omnicanais. Além de ser uma forma de expandir o alcance de clientes, também pode transformar a loja física em um hub de distribuição, otimizando o prazo de entrega e melhorando a reputação da marca. O consumidor do marketplace pode se tornar fiel a outros canais da loja – incluindo e-commerce, redes sociais e o próprio espaço físico. Tudo depende da experiência oferecida. Para isso, é necessário definir quem irá gerir a operação da franquia no marketplace, que pode ou não, ser centralizada no franqueador. Aqui, novamente, o foco está no diálogo, que precisa pontuar todos os benefícios dessa mudança para o franqueado. Uma boa alternativa é adotar sistemas de gestão que conectam todas as frentes e auxiliam em cada etapa de mudança. Fugir da integração digital nas franquias apenas irá atrasar resultados que impulsionam o crescimento não apenas das redes como um todo, mas também das lojas. Afinal, quanto mais pessoas forem alcançadas, maior é a chance de manter uma longevidade para a franquia e para marca. Por: Caio Camargo Gerente comercial da Virtual Gate