O fluxo de pessoas circulando nos shoppings espalhados pelo País surpreendeu em abril: cresceu 3,4% em comparação com o mesmo mês de 2016 e registrou o maior aumento dos últimos dois anos, aponta o índice que mede a atividade comercial em shoppings, apurado pelo Ibope Inteligência e a Mais Fluxo, que monitora 123 shoppings.
“O consumidor já está com um pé dentro do shopping e a bandeira é verde para as compras”, afirma Márcia Sola, diretora executiva do Ibope Inteligência. Ela acredita que o maior fluxo de pessoas em abril dentro dos shoppings é um indicador de que o Dia das Mães deste ano pode voltar ao azul, depois do tombo nas vendas de 2016. O Dia das Mães é a segunda melhor data do varejo, depois do Natal.
Para Márcia, o desempenho de abril no fluxo dos shoppings superou as expectativas. Em março, o resultado do indicador já havia sido ligeiramente positivo em 0,6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A última elevação dessa magnitude, 3,4%, ocorreu em abril de 2015.
Maior confiança do consumidor e a liberação dos recursos das contas inativas do FGTS são, segundo a diretora do Ibope, os fatores que estariam sustentando essa reversão nas expectativas do varejo.
Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional Comércio (CNC), concorda com Márcia e acrescenta outro fator que, segundo ele, é decisivo para o consumo: a desaceleração da inflação. Um levantamento feito pelo economista mostra que os preços de produtos e serviços dos 19 itens mais vendidos no Dia das Mães registraram em 12 meses, até abril, alta de 4,6%, a menor variação em dez anos. A CNC projeta um avanço de 3,8% nas vendas do Dia das Mães, ante a queda de 9% que houve em 2016.
Popular. Um recorte do indicador de fluxo de pessoas nos shoppings mostra que houve crescimento significativo nos centros de compras populares. Em abril, os shoppings voltados para as classes B e C registraram um número de visitantes 6% maior do que no mesmo mês ano passado. “Esses foram os shoppings que mais perderam vendas nos últimos meses”, observa Márcia, atribuindo essa reação, em parte, ao saque dos recursos do FGTS. Já nos shoppings voltados para as camadas com maior poder aquisitivo o fluxo de visitantes foi mantido no período.
Fonte: Estadão