Startups do ramo de finanças querem ir além dos bancos na oferta de operações de crédito para pequenas e médias empresas
Por Redação
Startups do ramo das finanças ampliam o leque de parceiros para ganhar usuários e mais fontes de faturamento. Além dos bancos, novos acordos incluem nichos como o mercado pet, empresas de tecnologia e pequenos varejos. A maioria dos contratos fechados a partir do segundo semestre de 2020 inclui operações de financiamento.
A fintech a55, que viabiliza crédito para companhias de tecnologia, fechou este mês uma parceria com o boostLAB, hub de negócios do BTG Pactual, e a gestora Empírica Investimentos. O objetivo é injetar R$250 milhões em start-ups e firmas de tecnologia.
O boostLAB entrará com o financiamento, e a55 buscará clientes, fará análise de crédito e acompanhamento do pagamento dos empréstimos, explica André Wetter, presidente e cofundador da a55. A expectativa é quede 200 a 300 pequenas e médias empresas sejam contempladas com cheques de R$ 20 mil a R$ 2 milhões. A a55 também tem costurado convênios de e-commerce e de SaaS (software como serviço, na sigla em inglês).
– Temos mais de dez contratos para a distribuição de crédito entre clientes de plataformas desses segmentos – diz Wetter.
A meta é ter mais de 15 companhias nesse guarda-chuva até 2022. Em operação desde 2017, a a55 tem 13, 3 mil clientes cadastrados – eram 2, 8 mil em dezembro de 2020 -e faturou cerca de R$ 3 milhões em 2020. O plano é triplicar os ganhos em 2021, com a maior automação do processo de desembolsos, novos canais de faturamento e mais capital para emprestar.
Em abril, a empresa recebeu um investimento de USS$ 35 milhões para viabilizar a expansão no México. O aporte veio da Accial Capital, investidora em carteiras de empréstimos habilitados em tecnologia em mercados emergentes, da E3 Negócios e da Mouro Capital. Os recursos também serão usados para bancar operações de financiamento e ampliar o portfólio de produtos – uma nova solução para o setor de e-commerce está na agenda.
No mercado há apenas três meses, o foco da Paws Bank é oferecer uma conta digital e empréstimos para o mercado pet. Com 8, 7 mil cadastros realizados, já concedeu 1. 080 aprovações de financiamentos. Do total da carteira, 46% são pet shops, além de clínicas veterinárias (29%) e tutores de animais (25%).
Empresas de banho, tosa e adestradores estão no radar, diz o fundador da start-up, Eliezer Martins. Com mais de 30 anos de experiência no mercado de animais domésticos, o empreendedor, que também é CEO do grupo Ventura Pet, de venda de acessórios para animais de estimação e de criação de peixes em aquários e tanques, prevê faturar R$ 5 milhões no primeiro ano de atividade.
Na Trademaster, especializada em crédito B2B (entre empresas), a parceria firmada com o banco BV em fevereiro, após um aporte de R$100 milhões da instituição, estima uma captação inicial de R$ 500 milhões para sustentar um crescimento estimado de 120% das operações.
– Queremos ampliar a oferta de soluções para o pequeno e médio varejo – afirma Francisco Pereira, CEO da Trademaster.
Em agosto, a empresa lança uma nova facilidade, batizada de Tradeturbo.
– Com a nova resolução do Banco Central, agora os varejos podem usar os recebíveis de cartão das maquininhas como garantia para operações de crédito – explica Pereira, acrescentando que a Trademaster vai utilizar os valores para turbinar o limite de crédito dos clientes.
Com mais de 60 grupos conveniados, entre indústrias locais e multinacionais, o número de usuários da fintech aumentou 264% entre o segundo trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021. Desde 2015, mais de 500 mil pequenos e médios varejistas que fazem compras regulares nesses parceiros foram auxiliados, diz Pereira. À plataforma se conecta em tempo real com os sistemas de gestão das companhias conveniadas, o que viabiliza o acesso a prazos e limites estendidos no ato das compras dos clientes, segundo o CEO.
Fonte: O Globo