A chegada de Carlos Wizard Martins no controle da Pizza Hut no Brasil, em junho do ano passado, começa a dar evidências de que o maior empresário de franquias do país mais uma vez não entrou em campo de brincadeira. Além de ter comprado o direito de operar a marca de redondas fumegantes no Brasil, o bilionário brasileiro pretende se consolidar como um dos maiores players do mercado de alimentação fora dólar, à frente também das operações do KFC e Taco Bell.
Para reverter o histórico negativo da Pizza Hut nos últimos anos, a rede está apostando na transformação digital como pilar estratégico, tanto nas áreas de comunicação quanto na de operação. “Estamos testando várias novidades como um piloto com totens de atendimento que vai iniciar em breve para os consumidores em loja”, adianta ao Experience Club Rodrigo Munaretto, diretor de Marketing da Pizza Hut.
Um dos executivos estratégicos na expansão do negócio – a operação não conta com um CEO e é comandada direto pela holding – Munaretto desembarcou diretamente do McDonald´s. A maior rede de lanchonetes do planeta é reconhecida por uma das melhores estratégias de digitalização da experiência do consumidor e está investindo forte nessa tendência na América Latina, por meio da máster-franqueadora Arcos Dourados.
Além de tornar a visita ao restaurante mais lúdica e interativa, a Pizza Hut também pretende aprimorar a navegabilidade do app de pedidos, a fim de ganhar agilidade e levar novas informações como o aviso de que a pizza está pronta e será despachada. Além disso, objetivo é tornar o app mais eficaz na oferta de descontos.
Para acelerar a transformação digital, a Pizza Hut conta com a aquisição, realizada em dezembro, da americana QuikOrder, fornecedor líder de software e serviços de pedidos online para a indústria de restaurantes. Os termos do acordo não foram divulgados, mas marca uma das maiores aquisições da rede até hoje.
Ao comprar os recursos de pedidos online da QuikOrder, a Pizza Hut visa melhorar sua experiência de compra por meios digitais. A companhia acredita que o acesso a novas tecnologias permitirá mais integração e personalização no atendimento em mais de seis mil restaurantes que opera somente nos Estados Unidos.
Em 2018, metade das vendas da Pizza Hut no país foi processada através da plataforma do QuikOrder, o que acabou sendo determinante para a decisão de compra da empresa de tecnologia.
“Estamos dobrando nosso compromisso com o digital e este acordo posiciona a Pizza Hut perfeitamente para o futuro”, disse, à época, Artie Starrs, presidente da Pizza Hut dos Estados Unidos. “Também temos acesso a um grupo imensamente talentoso de desenvolvedores e inovadores digitais. Juntos, podemos fornecer mais rapidamente produtos inovadores e serviços convenientes aos nossos clientes, o que permitirá uma melhor economia aos franqueados no longo prazo.”
A Pizza Hut dos Estados Unidos introduziu uma gama de ferramentas e serviços de pedidos online inovadores, como um rastreador de entrega com alertas de texto, opções de pedidos fáceis por meio de assistentes digitais habilitados para voz e social, e Hut Rewards, o único programa nacional de fidelidade de pizza Recompensa os membros por cada dólar gasto em comida online.
Virada no Brasil
Ainda distante dessa realidade, a família Martins assumiu a operação brasileira em 2018 com um compromisso urgente: tirar a rede do vermelho. Esse ano, após mudanças visíveis em promoções, precificações, design de loja, expansão e o estratégico processo de transformação digital, o jogo promete virar.
“Em 2018, a Pizza Hut fechou o ano negativo no Brasil. O negócio já vinha de anos difíceis, por conta da economia que afetou todo setor”, conta Munaretto
Diante da necessidade de ação, os novos controladores reagiram. “Eles são empreendedores e acreditam muito no país. Tomamos atitudes agressivas em preços e criamos promoções (de fevereiro a março, a pizza grande foi vendida a R$ 39,90). Com isso, crescemos duplo dígito”, conta o executivo.
No Brasil desde 1989, a Pizza Hut tem hoje 189 unidades espalhadas por 60 cidades de 24 estados. Até o fim do ano, pelo menos 50 ou 60 lojas devem ser abertas.
A ambição é chegar em 2023 com 700 unidades. A maioria opera em modelo de franquia. Mas a família Martins, por meio da Multi QSR, que controla as bandeiras Taco Bell, KFC e Pizza Hut, detém lojas próprias em locais como Campinas.
Esse avanço ocorrerá em cima de diferentes modelos como: dinning (de restaurantes com salões maiores), express (que representa metade das unidades em operação hoje no Brasil e funciona em praças de alimentação de shoppings), e de bairros (sem assentos ou com pouquíssimas mesas, já que o foco é no delivery).
A Pizza Hut iniciou recentemente um processo de redesign das lojas, que ficarão mais modernas. As lojas antigas serão modificadas e as novas serão inauguradas já com o novo layout, mais clean, jovem e tecnológico.
No mundo, vale contar, a bandeira contabiliza cerca de 16 mil unidades – metade delas nos Estados Unidos. A China é um país que surpreende e, inclusive, ensina. Lá, o portfólio é bem diferenciado, com sabores que os asiáticos gostam, a exemplo da pizza de camarão.
O brasileiro gosta muito de pizza. Mas o consumo das redondas responde só por 10% de tudo que se come na rua.
Hoje, com três tipos de massas e vários sabores, a best-seller da Pizza Hut é a Pepperoni. Umas das estratégias da marca é apostar em regionalização de sabores, como já acontece com a “brasileira”.
Com a crise, a alimentação fora de casa foi visivelmente prejudicada. “O ano de 2018, por exemplo, foi difícil para o setor inteiro. As famílias cortam esse consumo quando não têm dinheiro”, conta Munaretto. Nesse sentido, a campanha da pizza em promoção a R$ 39,90, em todo país e canais de vendas, ajudou a acelerar os pedidos.
A comunicação também mudou para se aproximar do público mais jovem. Antes, o Instagram era só pizza. Agora, vende lifestyle. O quadro atual é definido como “superpositivo”.
Fonte: Experience Club