A perda de participação da Americanas pode significar maior racionalidade, impulsionando margens e lucro das concorrentes
Por Felipe Laurence
Após a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial, houve uma redistribuição no setor e outras empresas passaram a registrar ganhos. Isso explica, em parte, a alta de 23% das ações das concorrentes, diz o Bradesco BBI.
Na avaliação dos analistas liderados por Pedro Pinto, o setor de comércio eletrônico ainda tem fundamentos desafiadores, como baixos retornos e necessidade intensa de investimentos. Nesse contexto, a perda de participação da Americanas pode significar maior racionalidade, impulsionando margens e lucro das rivais.
Em relatório, o banco atualizou estimativas para Magazine Luiza, Via e Mercado Livre, esperando receitas, volume bruto de mercadorias e lucro maiores do que as projeções anteriores, com a perspectiva de melhorias operacionais com a redistribuição da participação de mercado da Americanas.
No entanto, o Bradesco BBI alerta que as empresas são muito expostas ao cenário macroeconômico, o que mantém o cenário incerto – uma vez que as incertezas no Brasil ainda devem permanecer por mais tempo. As empresas precisam ganhar escala em produtos de baixo tíquete e alta recorrência para sair desse ciclo, ponderam.
A preferência do banco é por Mercado Livre, com maior diversificação de volume de mercadorias, menor exposição a categorias cíclicas, maior alcance geográfico, alavancagem baixa e melhores retornos sobre investimento.
Magazine Luiza e Via vêm depois, com riscos de crédito evidentes, uma vez que após o deblacle da Americanas em janeiro, bancos serão mais criteriosos na concessão de crédito, aumentando custos em um momento onde os juros permanecem altos.
O Bradesco BBI tem recomendação de compra para Mercado Livre, com preço-alvo em US$ 1.550 para as ações negociadas na Nasdaq, em Nova York. Já Magazine Luiza e Via têm recomendação neutra, com preços-alvos em R$ 5 e R$ 2,80, respectivamente. Acesse indicadores, gráficos, notícias e conteúdo exclusivo de uma empresa em um só lugar.
Fonte: Valor Econômico