Na tentativa de vender seus produtos para uma grande rede, o microempreendedor e o pequeno empresário, antes, tinham que bater de porta em porta e enfrentar uma série de burocracias. Mesmo assim, muitas vezes, não conseguiam fechar negócios. Hoje, porém, fazer parte das vitrines das lojas famosas ficou muito mais fácil, com a abertura dessas gigantes do varejo ao marketplace. A modalidade, por meio da qual as pequenas empresas podem expor suas mercadorias em grandes sites de vendas — como Americanas.com e Submarino.com —, virou a aposta de lojistas como Fernanda Dias, de 29 anos, que viu o faturamento de sua Olho Fashion crescer 25%, mesmo em tempos de crise.
— O faturamento da minha loja física diminuiu. Quem está segurando o negócio mesmo é o marketplace — diz Fernanda, que iniciou as operações virtuais há um ano e já teve que contratar mais um funcionário.
Segundo a CNova, grupo integrado por Extra, Casas Bahia e Ponto Frio, 95% dos pedidos para entrar no sistema da rede são aceitos, sendo necessário apenas conseguir emitir notas fiscais, fazer entregas em todo o território nacional e apresentar documentos (veja abaixo). O ingresso não tem um custo fixo ao empreendedor, mas são cobradas comissões sobre os preços dos produtos vendidos, de 12% até 16%.
— O lojista aproveita nosso tráfego, além de garantir a antecipação dos recebíveis e contar com um sistema antifraude, entre outros benefícios. É um modelo pelo qual todos ganham — explica o gerente comercial do grupo, Alexei Pimenta.
Bons resultados, no entanto, dependem de boas escolhas, segundo a coordenadora acadêmica da Academia do Varejo, Patricia Cotti.
— É importante pensar em qual é o modelo de negócios dos marketplaces, como custos e questões logísticas, e se há sinergia de público com o seu produto — orienta ela.
Com isso e uma boa gestão depois — cuidando da qualidade das fotos, da descrição dos produtos e do monitoramento de preços —, foi que Silvio Baldner, de 48 anos, da SBRio, conseguiu um faturamento 34 vezes maior do que o obtido no início de suas operações, há dois anos:
— Pela internet, faturo o dobro do que ganho com a loja física. Disso, 30% são do meu site e 70%, do marketplace.
Já Gustavo Lopes, de 23 anos, sócio-proprietário do “Jóia em casa”, diz que 80% do seu faturamento vem da internet.
— Juntando loja própria virtual e marketplace. Mas é preciso fazer um bom trabalho para isso. É um conjunto de detalhes: começa pela foto, que é a vitrine para o cliente, passa pela descrição do produto e por chegar com um aspecto positivo para o cliente. Aí a chance dele recomprar é grande — avalia o empresário.
Conheça as opções
Cnova – O contato pode ser feito pelos canais de vendas das marcas da Cnova e pelos sites Extra.com.br, CasasBahia.com.br, Pontofrio.com.br e Cdiscount.com.br, nos quais os lojistas serão levados a preencher um cadastro. Depois, serão cobrados os seguintes documentos: CNPJ, inscrição estadual, nota fiscal eletrônica e certificado de que não há debito na Receita Federal. Entre os benefícios oferecidos pela rede, está a antecipação de recebíveis, por meio da qual o lojista recebe o valor à vista, independentemente do número de parcelas escolhido pelo cliente.
B2W – As marcas Americanas.com, Submarino.com e Shoptime.com também abriram marketplaces. Segundo o grupo, não há pré-requisitos. Basta preencher um formulário que está disponível nos sites www.americanas.com.br, www.submarino.com.br e www.shoptime.com.br para obter as informações. O grupo não informou quanto cobra de comissão sobre os preços dos produtos vendidos em suas páginas.
Netshoes – O interesse deve manifestar seu interesse por meio do site www.netshoes.com.br. Depois, receberá um link para fazer o cadastro. Em seguida, as informações do empreendedor ficam no banco de dados e, caso haja uma oportunidade, a empresa entra em contato. Não foram informados os requisitos necessários para o ingresso em seu marketplace ou quais são os custos.
Anymarket – Quem quiser comprar o software Anymarket deve acessar a página marketplace.anymarket.com.br. Os empreendedores passam por um treinamento de uma hora para aprender a usar a ferramenta e levam 15 dias para serem inseridos como lojistas nos marketplaces das redes.
Dica de varejo – Segundo Patrícia Cotti, da Academia do Varejo, o empreendedor deve entender seu público para dar as informações que ele busca nas descrições dos produtos.
Software ajuda gestão
“Tem que fazer um bom planejamento. Tudo é a forma de colocar para vender seu produto”, explica Raquel Abrantes, coordenadora de Inovação e Soluções do Sebrae/RJ, sobre a importância de gerir bem o negócio também no marketplace. Para ajudar os empreendedores nessa etapa, integrando o e-commerce a diferentes pontos de vendas online, surgiu o Anymarket.
— Funciona assim: se um cliente vende relógios em sua loja, e estes custam mil reais, o software calcula o quanto devem cobrar para pagar as comissões nos marketplaces, sem terem prejuízos. Jogam-se os anúncios em todos os canais de venda e baixa-se o estoque em todas as lojas, quando um produto é vendido em alguma delas — contou o presidente da empresa, Ilson Rezende, dizendo que a ferramenta aumenta em 40%, em média, o número de vendas dos clientes.
O software custa R$ 99 mensais e promete facilitar e dispensar a contratação de novos profissionais para o serviço. O jeito é colocar na ponta do lápis as hipóteses.