Segundo presidente, apesar da volta das atividades físicas, a operação digital, que ganhou força no período da pandemia, não recuou
Por Raquel Brandão
A retomada registrada nos números do grupo BK Brasil do terceiro trimestre deve ser ainda mais intensa nos últimos meses de 2021, conforme a vacinação contra a covid-19 avançar e a vida social se normalizar mais, avaliou nesta sexta-feira (5) Iuri Miranda, presidente da dona do Burger King e da Popeyes. Em outubro, segundo ele, as vendas já superaram o mesmo mês em 2019.
Em teleconferência para divulgar resultados, o executivo disse a rede de sanduíches registra crescimento em torno de 5% a 7%. Já a Popeyes cresce num intervalo entre 17% e 19%. Conforme os shoppings centers retomem as atividades em sua integralidade nos municípios, a administração da rede de restaurantes acredita que o crescimento pode ganhar mais fôlego.
Outro incremento é a operação digital, que foi reforçada ao longo do período da pandemia e não tem recuado, mesmo com a recuperação das atividades físicas. A receita com vendas digitais avançou 70% na base anual, para R$ 231 milhões, alcançando 33% das vendas totais.
A recuperação, porém, tem acontecido de modo diferente em cada ponto do país. Segundo Miranda, em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, o fluxo de clientes na hora do almoço ainda está inferior, possivelmente refletindo a manutenção do modelo de trabalho remoto para muitos escritórios.
Sobre a Domino’s, haverá “momento oportuno”
Os fundamentos do mercado de pizza ainda são bem-vistos, garante o presidente da BK Brasil. Nesta semana, a companhia informou o distrato do contrato de aquisição da Domino’s Brasil. A analistas, o executivo afirmou que, em comum acordo, as duas partes entenderam que as condições do mercado brasileiro “mudaram drasticamente”.
“Continuamos acreditando que o mercado de pizza é interessante e não temos dúvida nenhuma na marca Domino’s e nas potenciais sinergias que poderia ter com nossa operação”, afirmou. “Em momento oportuno, voltaremos a avaliar eventuais caminhos nessa direção.”
Enquanto isso, a companhia deve colocar o pé no acelerador na expansão orgânica. “A gente planeja voltar a níveis históricos de crescimento”, disse Miranda.
Para isso, a BK Brasil está se concentrando em novas lojas “free standing” (lojas de rua com drive thru) de Burger King, que deve se aproximar do patamar de 2019, e novas unidades da Popeyes em shoppings centers. No caso da rede frangos, o objetivo é entrar em novos mercados, aproveitando a vacância observada em shopping centers do país. Serão de 20 a 30 lojas em 2022.
Até o segundo trimestre do próximo ano a companhia também deve entregar sua segunda ghost kitchen, uma estrutura dedicada somente aos pedidos para delivery.
Margem bruta deve ficar mais próxima do ano de 2019
Embora a pressão de custos não queira ceder, a administração do grupo BK Brasil projeta que a margem bruta deve ficar em níveis de margem próximos de 2019, ano anterior à pandemia, “apesar da pressão da parte de preços”, afirmou Miranda. No terceiro trimestre, a companhia informou que a margem bruta avançou 2,4 pontos percentuais ante mesmo período de 2020.
De acordo com o executivo, o ambiente de custos continua sendo desafiador e, para isso, é importante ganho de escalabilidade, com gestão de receita e parceria com fornecedores. “Temos procurado trabalhar e mitigar o máximo possível para ganhar esse poder de negociação”, afirmou.
Ainda assim, a rede não teve como escapar dos repasses. O preço de entrada, de R$ 9,90, passou para R$ 10,90. O diretor financeiro, Gabriel Guimarães, afirma, no entanto, que a mudança não teve grande impacto, pois o ambiente do mercado está mais racional. Além disso, diz ele, “temos visto realmente um patamar de inflação alto, mas mais estável do que vivemos no começo da pandemia”.
Em um ambiente de aumento de preços, o modelo do negócio também se beneficia, de acordo com o diretor. Redes de quick service restaurants (QSR), também chamados de fast food, têm tíquete médio menor, sendo mais atraentes para o consumidor.
Fonte: Valor Econômico