Por Julio Wiziack | Os irmãos Leandro e Thiago Ramos, fundadores do site Kabum!, enviaram uma notificação extrajudicial para a KPMG em que cobram explicações sobre a suposta mudança de lado da empresa de auditoria em relação à incorporação de 71% das ações do site pela Magazine Luiza.
Ambos questionam a companhia pela mudança de opinião após receber esclarecimentos do Magalu e emitir relatório de auditoria sem ressalvas.
Por motivos contratuais, a KPMG se recusou a fornecer a documentação e alegou sigilo de dados, seguindo regulamentação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Na notificação, os irmãos mencionam duas notas explicativas do relatório de auditoria sobre as demonstrações financeiras do Magalu para 2021 — ano da aquisição do Kabum.
Nelas, a KPMG identificou a realização de ajuste no valor justo dos ativos adquiridos e passivos assumidos com a operação.
O ajuste, de aproximadamente R$ 2 bilhões, foi alocado como reserva de capital e teria afetado a mensuração sobre a aquisição, segundo o relatório.
Após receber esclarecimentos do Magalu, a auditoria foi liberada sem ressalvas.
Os irmãos pediam as informações na condição de “acionistas relevantes” do Magazine Luiza, o que justificaria os questionamentos.
Antecedentes
A briga entre os ex-donos do Kabum e a família Trajano teve início logo após a incorporação pelo Magalu.
Eles alegam que a companhia não pagou os R$ 3,5 bilhões combinados, pois teriam recebido R$ 1 bilhão em dinheiro e o restante em ações da varejista.
Com a desvalorização dos papéis nos meses seguintes, o valor remanescente ficou abaixo dos R$ 500 milhões.
Em julho, Leandro e Thiago entraram com pedido de arbitragem na Câmara de Comércio Brasil-Canadá, solicitando que o negócio fosse desfeito ou que a varejista complete o valor acordado.
Em nota, o Magalu afirmou que suas contas são auditadas por empresas de auditoria independentes e que segue estritamente todas as normas contábeis vigentes.
Ao Painel S.A., a KMPG no Brasil disse que, por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos e/ou resultados de trabalhos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma .
Fonte: Folha de S.Paulo