“Como ajudar no desenvolvimento do Varejo de Vizinhança” foi o tema desenvolvido na palestra técnica de Eduardo Terra, professor da FIA, presidente da SBVC e sócio-diretor da BTR Consultoria. A palestra tratou da influência da situação econômica nesse canal e a importância de conhecer bem as características para acompanhar o bom desempenho que vem acontecendo. Ele traçou um panorama dos últimos anos e comparou com o que ocorre no exterior.
Confira entrevista exclusiva com o consultor.
Segundo Terra, apesar das características próprias do Brasil, a confiança do consumidor é um aspecto comum internacionalmente, e que o empreendedor que conhece os detalhes desse comportamento pode se diferenciar no mercado. Ele citou que as tendências andam muito mais rápidas do que há dez anos, por conta da velocidade da informação, trazendo as mudanças para a realidade brasileira com muito mais agilidade e afirmou que “é preciso respeitar a velocidade das mudanças”.
Entre os exemplos para explicar essa evolução, o especialista citou o Uber e o Air Bnb, que provocou reações drásticas de seus concorrentes. “As tendências levavam dez anos para serem absorvidas no País, mas hoje tudo acontece muito rápido e é preciso ter a cabeça aberta para acompanhar. O primeiro passo é entender e não rejeitar”, declarou o professor.
Eduardo Terra lembrou a recente mudança de status das classes sociais no Brasil, que elevou o número de consumidores e remodelou a economia. Os estudos do especialista também indicam que fatores como trânsito, violência urbana e falta de tempo influenciam diretamente no comportamento desses consumidores. Esses fatores são algumas das justificativas para o crescimento do Varejo de Vizinhança. Ele explicou ainda que adaptações para atender o público idoso, com o significativo aumento da expectativa de vida é outro aspecto importantíssimo a ser considerado para o Varejo de Vizinhança ser bem-sucedido.
A tecnologia e a entrada da mulher no mercado de trabalho também tornaram oportuno o crescimento desse tipo de estabelecimento. Tanto o aumento do uso de aplicativos de busca de ofertas, como a consumidora que trabalha fora refletem na praticidade de ter um mercado mais próximo. Além disso, pelo ponto de vista de Terra, “as redes sociais estão mudando o mundo, apesar das alavancas de vendas serem as mesmas”.
O palestrante também foi muito esclarecedor ao exemplificar as diferenças entre os diversos tipos de estabelecimentos (discounters, conveniências, varejo de vizinhança, lojas premium e mini mercados) e sentenciou: “Entender a agenda de cada um dos segmentos de varejos de bairro é primordial para os agentes da cadeia”. Do mesmo modo, comentou, “o varejo de proximidade vai ter que se dedicar a uma agenda de eficiência e produtividade”.
Terra ressaltou que o problema desse negócio no Brasil não é a falta de tecnologia, mas a falta de comprometimento com processos. Para ele, o modelo está fundamentalmente ligado à busca de eficiência e mencionou os tipos: eficiência de gestão de custos, eficiência de execução, eficiência de gestão de estoques e rupturas, e eficiência promocional. Segundo ele, a disciplina ao tratar esses aspectos é essencial para o bom desempenho.