Presidente da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), Eduardo Terra comanda uma entidade com mais de 200 associados, que tem o propósito de produzir conteúdo para o desenvolvimento do varejo, promovendo eventos e pesquisas na área, como o ranking das 300 maiores empresas do país e o estudo sobre transformação digital do setor.
Atento aos movimentos do mercado e às demandas do varejo, atuando também como conselheiro de empresas e palestrante, Eduardo Terra concedeu entrevista exclusiva ao Blog SoluCX para abordar as perspectivas para o ramo e a influência dos cenários político e econômico para a retomada do varejo nacional.
A retomada economia, segundo Eduardo Terra
Para ele, os resultados devem continuar abaixo do esperado por mais alguns meses, com um início de retomada mais vigorosa da economia somente a partir do último trimestre do ano.
“Vivemos um momento macroeconômico que está muito ligado à questão política. Num primeiro ano de governo, isso está mais acentuado e muito relacionado à aprovação da reforma da Previdência”, afirma Eduardo Terra.
“A perspectiva de aprovação é boa, mas não de curto prazo. Hoje, a gente fala de uma aprovação por volta de setembro, em todas as instâncias, o que faz com que tenhamos um ano relativamente perdido, porque dificilmente as alavancas da economia (crédito, emprego) vão se destravar antes disso”, analisa.
Transformação digital
Eduardo Terra considera que o varejo nacional precisa evoluir para se tornar mais competitivo.
“O varejo continua tendo um desafio grande de melhorar seu nível de eficiência e produtividade, que é algo bem brasileiro. Em termos globais, existe o desafio da transformação digital, que diversos segmentos têm passado, e o do varejo especialmente – e isso envolve e-commerce, loja digitalizada, tecnologias e uso de mais dados.”
O presidente da SBVC aponta como algumas das principais tendências do setor a digitalização e o uso de startups, inteligência artificial e dados.
“Hoje, o que ouvimos em termos de tendências é algo muito mais próximo e real do que acontecia antes, da gente falar de uma coisa futurista. Cito três: um varejo orientado para dados, omnicanal e que reinventa a loja física, olhando para ela de um jeito diferente.”
Em relação às estratégias adotadas para obter fidelização, Eduardo Terra avalia que as iniciativas precisam ser aprimoradas.
“Essas estratégias estão muito relacionadas ao uso de dados. Os programas de fidelidade, sem uma parte analítica forte, com um programa de CRM, para mim não funcionam mais. O grande gargalo é conseguir ter um bom cadastro, entender a relação do consumidor com o varejo e, a partir daí, criar as alavancas e mecânicas de engajamento”, comenta.
Exemplos a mirar, segundo Eduardo Terra
Eduardo Terra citou algumas empresas que considera bem-sucedidas na adoção de tecnologia.
“O varejo está acordando para a inovação e tecnologia, algumas empresas mais que outras. Magazine Luiza, Carrefour e Hering são exemplos de empresas que têm feito muito isso, mas ainda é um processo em construção no país”, diz.
Para ele, a atenção com tudo que se relaciona ao CX (Customer Experience) é algo primordial.
“Cada vez mais o varejo tem que colocar o consumidor no centro da sua estratégia, como a Amazon e Apple fizeram. Os trabalhos de UX (User Experience) estão na pauta, que é entender e repensar a maneira com que o varejo olha a experiência do seu cliente”, conclui.
Fonte: SoluCX