Lojas físicas continuam sendo uma espécie de “showroom” para que os produtos sejam examinados antes de serem adquiridos pelos consumidores, aponta pesquisa da Nielsen
O e-commerce está permitindo que consumidores de todo o mundo tenham acesso a bens duráveis e não duráveis. No Brasil, nove em cada 10 pessoas (96%) já fizeram comprar online alguma vez, sendo um dos mercados de maior crescimento em e-commerce na América Latina, com penetração de 23%. A informação é do Estudo da Nielsen sobre Comércio Global Conectado.
O levantamento aponta que nos últimos seis meses os entrevistados adquiriram muito mais bens duráveis que não duráveis, ainda que a tendência em comprar o segundo grupo continue em ascensão. Nesse contexto, os consumidores não usam apenas lojas físicas como “showrooms”, examinando os produtos na loja e, então, procurando online a opção com o custo mais baixo. Mas também estão explorando a Internet como “webroom”, pesquisando online e depois efetuando a compra nas lojas.
No Brasil, a prática “showrooming” se destaca para a compra de produtos eletrônicos, alimentos frescos, produtos relacionados à vídeo game e à moda. Já em “webrooming”, predominam itens duráveis como eletrônicos, viagens, produtos relacionados à vídeo game e móveis/artigos de decoração.
Quando analisados de maneira geral, os latinos são mais sintonizados com a tecnologia e gostam de experimentar coisas novas, principalmente os brasileiros (53%). Por outro lado, mesmo munidos de equipamentos, a América Latina registra o maior número de compradores que não costumam fazer compras online. Segundo a pesquisa, eles geralmente simulam as compras, mas não chegam a efetuá-las (19% vs. 11%) ou visitam a loja física antes de comprar online para verificar o produto desejado (55% vs. 43%).
Quanto aos hábitos mais comuns no comércio eletrônico brasileiro, os dispositivos móveis têm sido importantes para o crescimento do e-commerce. No Brasil, embora 70% tenha um smartphone e 47% um tablet, a maioria dos entrevistados (86%) ainda utiliza um computador/notebook para fazer compras. Esta também é a realidade da maioria dos países da região. Dentro das categorias incluídas no estudo, o serviço de entrega de alimentos pelos restaurantes é o que mais se destaca pelo dispositivo móvel entre os brasileiros (31%), diferindo em 37 pontos daqueles que usam o computador.
Entre algumas das atividades mais populares realizadas pelos entrevistados relacionadas à compras online estão busca informações sobre um produto, busca por ofertas, promoções e cupons, e, muitas vezes, comparação de preços, especialmente em categorias de viagem, produtos relacionados à moda, produtos de beleza e cuidados pessoais, bem como alimentares frescos.
Por outro lado, atividades como verificar recebimento de e-mail de produtos/lojas para encontrar mais informações, clicar em uma propaganda por e-mail ou, até mesmo, curtir e comentar sobre algum produto/ loja nas redes sociais são menos praticadas pelos entrevistados e, possivelmente, as que menos influenciam na compra online das categorias mencionadas anteriormente.
Ainda segundo a pesquisa, mais da metade dos entrevistados que fez uma compra online nos últimos seis meses declara ter adquirido de um varejista em outro país (57%). Na América Latina, as taxas variam um pouco, tendo o Chile como líder na primeira posição (69%) e a Argentina na última (42%). O Brasil está no penúltimo lugar com 44%.
O estudo constatou também as formas de pagamento. O cartão de crédito é a opção de pagamento mais utilizada em diversos países latino-americanos no estudo (variado de 52% a 80% entre eles). No Brasil, os três métodos de pagamento mais utilizados por os compradores online são cartão de crédito com 80%, sistema de pagamento digital com 32% e cartão de débito (31%).
Quanto a comprar itens não duráveis, a maior preocupação com esse tipo de aquisição é o frescor dos produtos e sua data de validade (77%), bem como a preocupação com a qualidade deles (75%) e o fato de que os consumidores preferem muitas vezes examiná-los antes de efetuar a compra (72%).
Uma das barreiras mais significativas que reafirma o estudo na América Latina é a baixa confiança nos métodos de pagamento online. Enquanto apenas 18% dos participantes brasileiros usaram dinheiro para entregas online, surpreendentemente 58% afirmaram não confiar em dar informações de seu cartão de crédito online.