Com instabilidades no campo político e econômico, é difícil para qualquer um prever o que irá acontecer esse ano. Para empresas, os riscos são ainda maiores. Por isso elas estão se protegendo, engordando o caixa e buscando a eficiência operacional para enfrentar o ano.
Os grandes bancos brasileiros, por exemplo, sofrem com a situação incerta. Por isso, as instituições financeiras têm buscado, nos últimos meses, se tornarem mais seguras e livres de ricos, reduzindo o acesso ao crédito e buscando os melhores pagadores, por exemplo.
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, afirmou que os grandes bancos podem até ajudarem a equilibrar o momento turbulento. “Nós (os grandes bancos) somos os pilares de segurança para uma transição serena até a retomada da economia brasileira”, disse ele durante teleconferência.
Segundo ele, a liquidez e a preocupação em ofertar mais serviços e manter os custos abaixo da inflação são mostras da responsabilidade dos bancos em momentos de crise.
Já para o Santander, continuar funcionando bem é uma obrigação do banco em momentos de crise.
“As crises atuais apresentam perfis que as séries históricas não são capazes de capturar”, disse Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, em coletiva de divulgação de resultados. “E os bancos sabem que tem um papel fundamental para manter o equilíbrio”.
Para o presidente, prudência e foco foram fundamentais para o ano que se passou e serão ainda mais essenciais em 2016. Cuidar dos índices de inadimplência, cuidar bem do negócio e de seus clientes “é um dever do banco para com os acionistas, clientes e toda a sociedade”, afirmou.
Colchão de proteção
A Magazine Luiza, uma das maiores varejistas do país, se preocupou em aumentar o caixa e melhorar o capital de giro para encarar 2016. Em 2015, o caixa atingiu 1,1 bilhão de reais, contra 863 milhões de reais no ano anterior.
“Em momentos de dificuldade, é preciso focar na geração de caixa, e foi exatamente isso que fizemos. Sentimos que estamos devidamente preparados para enfrentar as eventuais dificuldades de 2016”, afirmou Frederico Trajano, presidente da rede, em conferência com analistas durante a divulgação de resultados da empresa.
O esforço em engordar o caixa ajudou a melhorar a qualidade de sua dívida. A dívida líquida ajustada, que em dezembro de 2014 era de 651 milhões de reais, chegou a 489 milhões de reais no fim do ano passado.
Ela só conseguiu melhorar suas finanças com um controle rigoroso e trimestral de todos seus gastos. Ela cortou custos com marketing, renegociou preços de aluguéis e serviços de parceiros, baixou o consumo de energia e até encolheu a equipe.
Com a tesoura na mão
Cortar excessos na administração, fechar lojas que não performavam o esperado e investir apenas em modelos mais rentáveis foram os planos do Grupo Pão de Açúcar para 2015 e que devem continuar em 2016.
O grupo irá priorizar o investimento, que em 2016 será de 1,5 bilhão de reais, em formatos mais rentáveis de lojas, Assaí e lojas de proximidade.
Aumentar o caixa também é um foco da varejista. Segundo a companhia, “a estratégia de cash management adotada permitiu o encerramento do ano com um caixa robusto, mesmo diante da desaceleração macroeconômica”, e redução na alavancagem.
“Reduzimos a dívida bruta, otimizamos nossos processos, investimos em redução de custos e eficiência operacional e continuidade da evolução de capital de giro. Dessa forma, encerramos o ano com um patamar de reservas de aproximadamente R$ 11,0 bilhões e estável quando comparado a 2014”, disse a empresa.