Modelo de markeplace, com a venda de produtos de terceiros, mostra suas virtudes; serviço de nuvem e anúncios continuam crescendo
Por Luiz Henrique Mendes
Que a Amazon não é uma varejista qualquer, é um tanto óbvio. Mas a big tech de Jeff Bezos conseguiu superar até as expectativas dos mais esperançosos. Desafiando o consenso, a companhia mostrou ser capaz de contornar a inflação, evitando as consequências nefastas que atingiram concorrentes tradicionais como Walmart, Target e BestBuy.
A companhia bateu as projeções de Wall Street para as vendas. No segundo trimestre, a receita líquida aumentou 7% na comparação anual, chegando a US$ 121,2 bilhões. Os analistas consultados pela FactSet esperavam US$ 119 bilhões. Além disso, a companhia sinalizou que o ritmo deve acelerar, com as vendas voltando a crescer dois dígitos no atual trimestre.
A surpresa positiva fez a ação da Amazon disparar. O papel subiu 10,4% nesta sexta-feira, acumulando uma valorização de 27,1% em julho e contribuindo fortemente com o também surpreendente desempenho dos índices nas bolsas americanas. Na Amazon, as vendas de produtos de terceiro atingiram o maior nível da história.
S&P 500 e Nasdaq tiveram o melhor mês desde 2020. O resultado acima do esperado de megacaps como a Amazon inegavelmente ajudou — mas é claro que a sinalização dovish do presidente do Federal Reserve, Jerome Powel, foi a pedra de toque.
Na Amazon, os resultados vieram positivos não apenas na lucrativa AWS, o negócio de nuvem da companhia. Os anúncios também ajudaram a turbinar as receitas e o negócio de varejo da companhia não fez feio. Pelo contrário.
Enquanto o Walmart cortou as projeções de lucro nesta semana, a Amazon reforçou a aposta num modelo de negócios mais resiliente, mostrou uma análise de Spencer Soper, na Bloomberg. A estrutura do marketplace, que vende a grande parte de produtos de terceiros, evita o choque do acúmulo de estoques e a necessidade de descontos agressivos para desovar mercadorias.
No trimestre, 57% de tudo o que foi vendido pela Amazon veio dos sellers independentes. É a maior proporção já vista na companhia, destacou a Bloomberg. A receita da big tech com os serviços para os sellers (o que também inclui logística) aumentou 9% período, chegando a US$ 27 bilhões. Nas vendas diretas da Amazon, as vendas caíram 4%, o que prova a diferença que faz o modelo de marketplace.
Com a disparada das ações em julho, a Amazon fechou o mês avaliada em US$ 1,37 trilhão.
Fonte: Pipeline Valor