Pesquisa mostra que comida feita em casa mantém grande participação, mesmo com retorno das pessoas ao trabalho presencial
Por Redação
Em 2020, a Galunion Consultoria, especializada no setor de alimentação fora do lar, realizou três edições da pesquisa de alimentação na pandemia, evidenciando as constantes mudanças decorrentes da pandemia no mercado brasileiro de Food Service. A quarta edição traz dados que evidenciam uma transformação nos hábitos das pessoas e, consequente, um impacto nos negócios e na sociedade. A pesquisa foi realizada de 28 de julho e 02 de agosto de 2021, contou com 1.102 entrevistas respondidas por homens e mulheres a partir de 18 anos, das classes ABC, em todo o território nacional.
Quando comparamos os resultados dessa com a terceira edição do levantamento realizada em julho de 2020, temos 76% das pessoas trabalhando neste ano versus 64% trabalhando no ano passado. Temos também nesta edição 35% indicando que voltam ao trabalho 100% presencial, contra 26% que selecionaram essa opção na terceira edição. Os dados deste ano trazem também detalhes sobre a renda, com 13% que tiveram um aumento na renda, 44% que estão com a renda inalterada, 29% que sofreram uma diminuição na renda e 14% que estão sem nenhuma renda no momento. Sendo assim, com uma possível restrição no orçamento, uma das perguntas era voltada sobre quais áreas os clientes diminuiriam ou cortariam despesas. Neste caso, 57% farão com relação à comida em bares e restaurantes, que ficou em primeiro lugar empatado com viagens. Um dado positivo é que 94% dos entrevistados pretendem estar ou estarão vacinados até o final de 2021, sendo que 35% voltarão a trabalhar 100% presencial e 36% seguirão com o trabalho híbrido no mesmo período.
“Considerando os 15% que trabalharão 100% do tempo em casa, 80% irão comer algo feito em casa, 22% preferem pedir delivery e 15% optam por comer comida comprada pronta dentro de casa. Já com relação aos que voltam ao trabalho 100% presencial, que representam 35% dos ouvidos, nos deparamos com um dado curioso, que mostra uma mudança nos hábitos, já que 60% levarão comida feita em casa para o almoço, 30% se sentem mais confortáveis em comer no refeitório da empresa e 15% optam por pedir delivery e comer no trabalho. Apenas 12% escolhem sair para se sentarem e comerem em restaurantes, lanchonetes e padarias. Isso evidencia que, mesmo com a vacina, ainda há uma preocupação de acordo com as preferências ao realizar as refeições, seja dentro ou fora do lar”, explica a CEO e fundadora da Galunion, Simone Galante.
Um dado que deve ser visto com cautela, mostra que, mesmo com a queda no número de casos de COVID-19 no Brasil, 44% têm evitado comer em bares e restaurantes, contra 30% que se sentam dispostos e 26% que não se sentem dispostos. Entre os motivos que levariam os consumidores a consumir em um estabelecimento fora de casa, 58% são devido ao encontro com amigos e família, 48% apenas por necessidade de almoçar e 40% por uma experiência de comer fora, com serviço amigável e de qualidade. “As inovações se destacaram como um diferenciador nessa questão, já que 29% seriam motivados a sair para comer pratos ou menus novos e inovadores e/ou que não podem ser reproduzidos em casa e 25% pela oportunidade de consumir em ambientes com conceitos novos e interessantes. Isso evidencia a importância de se atualizar para se tornar mais competitivo para os clientes que adquiriram novos hábitos e buscam por novidades”, revela Nathália Royo, especialista em inteligência de mercado na Galunion.
Por conta da pandemia e os cuidados que devemos tomar para não propagar a doença aos demais, 35% veem a higiene e seguranças como o principal critério para a escolha de um restaurante, seguido de 22% que escolhem pela oferta de uma comida gostosa e 16% que consideram pagar um preço justo o principal critério. Quando entramos afundo nesta questão dos protocolos de higiene e segurança, a maioria dos entrevistados indicou sete principais, sendo, em ordem de importância: 81% o uso de máscara por todos os funcionários, 80% álcool em gel disponível, 76% distanciamento entre pessoas e mesas, 73% procedimento de higiene na entrada, 71% uso obrigatório de máscara para consumidores (exceto para comer), 69% talheres embalados para uso individual e 63% capacidade limitada de acordo com as instruções oficiais. Outra alteração notada nesta edição foi com relação a como os espaços abertos e bem ventilados tornam-se importantes na decisão do local de consumo.
“Pudemos verificar que 82% dos consumidores buscam espaços abertos e bem ventilados, ou seja, estabelecimentos que contam com mesas em varandas, salões com grandes janelas, ou espaços abertos e ao ar livre, como mesas nas calçadas. Apenas 5% preferem praças de alimentação em shoppings ou centros comerciais, enquanto 13% não se importam com o ambiente, contanto que seja no local onde desejam consumir. Diante disso, podemos observar muitas marcas que atuam em pontos na rua que reformaram o ambiente para promover esse perfil que passa a ser cada vez mais buscado. A Água Doce Sabores do Brasil, por exemplo, tem 80 unidades com foco de atuação principal em cidades do interior. Apenas neste ano, cinco restaurantes mudaram de ponto ou passaram por uma reforma para proporcionar um espaço aconchegante ao ar livre aos clientes da marca”, analisa Simone Galante.
Já entre os tipos de serviços preferidos, o estudo mostra que houve um equilíbrio. Entre as preferências, 33% optam por serviço na mesa, seja em bares ou restaurantes, 25% não se importam com o tipo de serviço, contanto que seja o local onde desejam consumir, 22% buscam self-service ou autosserviço e 20% preferem efetuar a compra e retirada dos produtos em guichê ou no balcão de atendimento. Este fator revela que os brasileiros se adaptaram bem com as novas formas de consumo que ficaram mais em evidência durante os períodos de pandemia.
A pesquisa ainda levantou as três tendências gastronômicas que os clientes consomem atualmente ou pretendem consumir nos próximos 12 meses. A comida saudável figura entre as preferidas, com 69%, seguida de produtos feitos com ingredientes naturais, com 37%, e produtos de fornecedores locais e/ou artesanais, com 33%. Para entender melhor o que eles consideram como comida saudável, o estudo indagou sobre algumas culinárias. Para os respondentes, as opções mais citadas como saudáveis foram: 96% escolheram as saladas, 83% peixes e frutos do mar, 78% comida vegetariana ou vegana e 72% comida brasileira caseira.
“Entre as principais conclusões da quarta edição da pesquisa com foco em alimentação fora do lar na pandemia, podemos ressaltar que as primeiras áreas de corte de despesas são viagens e gastos com bares e restaurantes. Como citado acima, há uma forte tendência por alimentos saudáveis, naturais, locais e artesanais. Dessa forma, aqueles que não se adaptaram para oferecer opções com este apelo, podem ficar para trás diante da concorrência. Além disso, a comida feita em casa tornou-se a preferência de quem está trabalhando em home office ou no local de trabalho, o que abre um sinal de atenção. E, apesar de desejarem retomar a socialização e experiência, os clientes estão evitando o consumo no local. Tal fator exalta a importância de os estabelecimentos terem protocolos de higiene e limpeza, além de espaços abertos e bem ventilados, pois esses são os critérios mais avaliados por eles na tomada de decisão”, finaliza a CEO e fundadora da Galunion.