Tendência de humanização dos animais contribui para expansão do mercado, um dos poucos que escapou da crise do coronavírus
Por Redação
Se antes a expressão “mãe de pet” ou “pai de pet” era estranha, agora ela representa cada vez mais a relação entre os tutores e seus bichos de estimação. Os animais são vistos como parte essencial de muitos domicílios e, com isso, os gastos com os bichinhos aumentam. A tendência de humanização dos animais é uma das responsáveis pelo boom desse mercado, um dos poucos que escapou da crise gerada pelo coronavírus. Nesse contexto de oportunidades, as startups têm espaço para emplacar novas soluções.
O brasileiro é apaixonado por animais. Em 2020, a população brasileira de pets era de cerca de 144,3 milhões, segundo estimativa do Instituto Pet Brasil (IPB). Apesar da crise econômica, o setor deve faturar R$ 46,5 bilhões em 2021 — um crescimento de 13,8% ante o ano passado.
O segmento de alimentação é o mais capitalizado no país e deve faturar R$ 24,8 bilhões em 2021 (53% do total), de acordo com o IPB. Esse setor também concentra a maior parte das startups voltadas para os bichos de estimação, as Pet Techs, com 21 das 130 empresas do tipo mapeadas pelo Startup Scanner da Liga Ventures. Em estudo do mercado, a Liga aponta que o ecossistema brasileiro de Pet Techs ainda está em estágio de amadurecimento tecnológico, com a construção dos primeiros grandes cases de disrupção com uso de alavancas digitais.
Os investidores estão de olho. Globalmente, as startups para os pets captaram mais de US$ 1,1 bilhão até 12 de agosto de 2021 em investimentos de Venture Capital, de acordo com o Pitchbook. No Brasil, o mercado também está aquecido. Em agosto, a Petlove anunciou um aporte de R$ 750 milhões liderado pela Riverwood Capital. É é a maior captação da história da empresa. Confira outros movimentos recentes:
A Petz comprou a Zee.dog por R$ 715 milhões, em agosto. A adquirida é um player importante do mercado digital e distribui seus produtos em mais de 45 países.
A startup de tecnologia para pequenos pet shops S2 Pets recebeu aporte de R$ 2 milhões de um fundo gerido pela Domo Inves.
Em abril, a rede varejista de pet shops Cobasi recebeu aporte de R$ 300 milhões da Kinea Private Equity. O objetivo é acelerar a expansão de lojas, buscar aquisições estratégicas e reforçar a presença nos canais digitais e de serviços.
Um dos movimentos do mercado é a formação de ecossistemas por grandes marcas do varejo, com a aquisição de outras empresas. Um exemplo é a fusão da DogHero com a Petlove. A Cobasi também arrematou a Pet Anjo. As duas adquiridas oferecem serviços como hospedagem e cuidadores para animais de estimação.
“As oportunidades de inovação aberta e fusão servem para acompanhar a digitalização do mercado, testar novos modelos de negócio e acessar novos mercados”, explica o sócio-diretor de Inteligência de Mercado da Liga Ventures, Raphael Augusto. “Uma das visões de futuro é que os grandes articuladores do setor vão virar um sistema operacional, em que tudo que é preciso para o pet será plugado em um só lugar. Aí será possível oferecer desde serviço de saúde, passando pela parte de consumo, mas também no segmento de relacionamento com o animal”.
Outro ponto que pesou em favor do mercado foi a possibilidade de manter as lojas abertas durante os lockdowns por serem consideradas atividades essenciais. O crescimento e amadurecimento do setor já estava em curso, mas a pandemia acelerou esse processo. As perspectivas de futuro são positivas dado o tamanho do mercado brasileiro, que deve se consolidar como o sexto maior do mundo em 2021, de acordo com o Euromonitor International.
Fonte: The Shift