A C&A de antes de 20 de março acabou e outra companhia está surgindo todos os dias, ressaltou, algumas vezes, Paulo Corrêa, CEO da C&A Brasil, durante o SAS Mind Live, promovido pelo SAS. A data marca quando a companhia fechou as lojas e colocou todo o escritório em esquema de trabalho remoto, atendendo às exigências de distanciamento físico para tentar frear a pandemia da causada pela Covid-19 que, naquela data, estava apenas no início. “Fechamos todas as quase 300 lojas, 15 mil pessoas, fechando todas as operações e sem previsão para voltar. Isso gerou angústia”, contou o CEO.
Na C&A, o momento impôs duas grandes frentes de trabalho. A primeira foi de traçar cenários, mesmo sem saber quanto tempo a situação duraria, e avaliando o caixa para ajustar a empresa. O segundo momento foi mais de manutenção e continuidade. “Daí surgiu o mais interessante que foi quando começamos a nos mobilizarmos para uma loja que estava aberta. Todos criaram soluções específicas para transferir as receitas para aquele canal. O mais importante e o maior dos legados foi aumentar o nível de consciência as companhia para este canal”, destacou, se referindo ao comércio eletrônico.
Diariamente, um milhão de pessoas que entram nas lojas físicas da C&A. Foi para este público em potencial que os executivos da companhia passaram a olhar, com objetivo de responder à questão que se colocava: como levar a C&A a estas pessoas. “É uma vida muito mais dinâmica, embora a distância, e muito mais vibrante. Quando você junta o varejo com espírito de startup vira algo quase beirando a loucura e passamos por uma verdadeira reinvenção da empresa. Estamos reinventando a companhia com marcas que vão ficar por muito mais tempo”, apontou.
A C&A aderiu o movimento “Não Demita!”, no qual empresas signatárias firmaram o compromisso de que não demitirão nenhum funcionário até 31 de maio. Atualmente, a companhia trabalha com 23 lojas abertas em localidades nas quais o surto está controlado; implantou o modelo ship from store, no qual se usa o estoque da loja física para atender aos pedidos realizados em algum canal virtual; vendas por meio do WhatsApp e a loja online.
O SAS Mind Live também contou com as participações de Guga Stocco, cofundador da DOMO Invest, Marvio Portela, vice-presidente do SAS para América Latina, e Renato Fiorini, gerente de soluções de risco para América Latina do SAS. Ao comentar como diferentes empresas estão atravessando o momento da pandemia, Guga Stocco lembrou que o principal está atrelado à mudança cultural para se criar formas diferentes, uma vez que as tecnologias disponíveis conseguem suportar as atuais demandas. “Sempre falamos que a transformação digital vai acontecer, mas de repente, quando se teve de mudar de uma hora para outra, a fizeram acontecer. E este formato de agora não retrocede”, enfatizou.
“O ponto não é o vírus, mas o que acontece com a sociedade quando ela é impactada com algo muito diferente e, às vezes, isto acontece ao longo do tempo e, às vezes, de uma só vez, como agora que foi de forma rápida”, completou Paulo Corrêa, da C&A. Corrêa contou que a Covid-19 mudou a dinâmica do comportamental para o vestuário e que foi necessário se adaptar ao novo contexto. “Nenhum planejador do universo imaginava a venda para algumas categorias, como pijama”, disse Corrêa, acrescentando que a chave é manter o olhar clínico de criar uma solução para resolver um problema.
Para Stocco, a pandemia mostrou que o mundo é mais vulnerável do que se imaginava e o momento colocou em xeque o capitalismo. “As empresas têm de começar a ser mais antifrágeis para continuar e a tecnologia está aí para ajudar, por exemplo, quando falamos em inteligência artificial substituindo o trabalho repetitivo. Temos de lembrar que o mundo vai empobrecer e teremos de vender produtos melhores e mais baratos.”
Planejamento
E, diante das incertezas, como se planejar? “Temos uma lanterna e temos de ir olhando conforme avançamos, tentando reinventar e aprender”, disse Marvio Portela, vice-presidente do SAS para América Latina. O SAS, segundo ele, até abril estava com resultados aumentando e o primeiro trimestre foi, nas palavras dele, “interessante”. “Quando estamos entrando em mundo que é volátil, o planejamento é uma lanterna, você consegue olhar ali perto, mas não lá na frente”, acrescentou Guga Stocco, da DOMO Invest.
Renato Fiorini, do SAS, disse que tem sentido uma tendência maior de as empresas fazendo gestão baseadas em cenários e usando ferramentas que fazem simulações. Corrêa enfatizou que a C&A que nasce após 20 de março é muito mais ágil e mais conectada às necessidades que os clientes estão tendo. “A nova C&A é fortemente digital. Qual será o próximo passo nós não sabemos”, disse. neste sentido, a área de TI tem sido um pilar extremamente importante.
“A tecnologia é parte do jogo e a grande mudança tem a ver que TI deixa de ser lugar onde você faz o pedido tanto para uma TI que está junto ao negócio, pensando e construindo a solução juntos, testando a agilidade, solucionando problemas com o cliente. Não dá para pensar que vamos fazer qualquer transformação sem a tecnologia, pois ela passou a ser a competência core de qualquer companhia”, destacou o CEO da C&A Brasil.
Fonte: Convergência Digital