O Carrefour anuncia hoje, com exclusividade à VOCÊ RH, a modalidade de trabalho flexível para os funcionários das unidades administrativas. Agora, mais de 2.000 empregados poderão exercer no máximo 60% de suas atividades de modo presencial. A iniciativa faz parte de um processo de transformação digital que a empresa vem passando desde 2018 e que foi acelerado devido à pandemia do novo coronavírus.
“Nós estamos realmente entrando num momento novo, em que ele é irreversível”, defende João Senise, VP de recursos humanos do Carrefour. O executivo conversou com a VOCÊ RH sobre o programa de trabalho flexível e a transformação digital do RH.
O que motivou a decisão de adotar o regime de trabalho flexível?
O guarda-chuva disso tudo começa pela estratégia do Grupo que inclui entre seus pilares, a aceleração digital. Esse planejamento estratégico já vinha provocando a necessidade de adoção de novas formas de trabalho. Nós já estávamos preparando uma política de trabalho remoto. Mas quando veio a pandemia, assim como todas as organizações, esses movimentos foram acelerados. Todo o pessoal da matriz precisou trabalhar home office, assim como outras partes da organização. Até mesmo o call center: muitos foram para suas casas.
Falando sobre a transformação digital, como tem sido esse processo?
A estratégia foi anunciada em 2018. O Carrefour globalmente fala de alguns pilares estratégicos, dentre eles, a transformação digital. Esse movimento que nós é parte disso. Houve também um processo de digitalização do recrutamento e do onboarding foi feito em parceria com a 99 jobs e também com a Acesso Digital e isso faz parte de um processo de digitalização do próprio RH. Esse projeto também começou em 2018 e se chama Conecta RH. É uma nova plataforma de acesso aos processos serviços, sistemas e políticas de RH, que foi desenvolvido em parcerias com HRTechs. O que queremos com isso é ter um RH mais ágil, digitalizado e que seja muito fácil para todos os nossos colaboradores acessarem os serviços e políticas de RH.
Como vai funcionar o programa de trabalho flexível?
O trabalho flexível vai impactar em torno de 2.200 pessoas. Num primeiro momento, vamos ter sempre dois grupos vindo ao escritório, grupos que chamamos de “A” e “B”. O grupo A vem às terças e quintas e uma parte da sexta-feira, e o outro grupo vem às segundas e quartas e a outra parte da sexta-feira. Com isso a gente mantém um grupo de pessoas menor no escritório e consegue manter o distanciamento social adequado. Nós definimos que as pessoas podem vir ao escritório no máximo 60% do tempo. Cada gestor vai definir com suas equipes qual modelo que funciona melhor e com bastante flexibilidade.
Como está funcionando os programas de treinamento, inclusive, da liderança, nesse processo?
Nós tivemos uma série de webinars e todos com uma participação bastante intensa e avaliação muito positivas. O NPS [Net Promoter Score] dos webinars ficaram sempre perto dos 80%. Isso também foi uma mudança interessante, em que percebemos que é possível fazer esses treinamentos virtualmente.
Desde que a gente começou o processo, nós tivemos webinars para falar do trabalho remoto, assinatura de contratos digitais, falamos com a liderança sobre formas de gestão, sobre a proximidade necessária, ainda que uma proximidade virtual, uma proximidade que é necessária de se manter com os times, como perceber o nível de produtividade de times virtuais. E agora que estamos no processo de retomada das operações na matriz, tivemos duas webinars com a liderança para mostrar toda a adequação física, de protocolos e procedimentos que estão sendo feitas aqui no escritório, para que as pessoas possam voltar em segurança. Então, os líderes já estão treinados.
Vocês realizaram pesquisas com funcionários sobre trabalho remoto e retorno às atividades presenciais?
Fizemos no decorrer da pandemia três pesquisas intercaladas por dois meses, mais ou menos. E o que a gente percebe é que as pessoas querem um modelo híbrido. Elas sentem falta do convívio e de alguns momentos em que o trabalho precisa ser feito em conjunto e, de fato, para o processo de criação, há um momento em que é importante as pessoas estarem juntas, mas elas também querem preservar essa flexibilidade de local e de horário de trabalho. Nós estamos entrando num momento novo, que é irreversível. Aprendemos a trabalhar de uma maneira diferente. Nós não vamos voltar ao que éramos antes. Não cabe mais.
Como o RH acredita que esse modelo irá impactar no clima organizacional, na marca empregadora e em futuras contratações?
Nós acreditamos que nos dois casos o impacto é bastante positivo e é muito interessante, pois introduzir o trabalho remoto é uma coisa nova para o varejo. Muitas pessoas que não tinham certeza se iam se adaptar, estão bastante satisfeitas com esse novo modelo. Também perceberam que é possível fazer reuniões muito efetivas virtualmente e que é possível fazer eventos efetivos virtualmente. As pessoas estão enxergando uma possibilidade de escolherem um pouco mais a famosa questão do equilíbrio vida pessoal e do trabalho.
Com a flexibilidade de horário e de local , você oferece outras possibilidades para as pessoas administrarem esse equilíbrio da vida pessoal e do tempo do trabalho. E para novas contratações eu tenho certeza que vai ser muito importante, porque as pessoas já estão buscando isso.
O Carrefour, ainda, conta com a oportunidades de empregos abertas, inclusive, na área de RH e com posições 100% remotas na área de TI.