Por Julien Ponthus e Irene Garcia Pérez
O Carrefour apresentou uma oferta para adquirir uma rede de 7.000 supermercados locais franceses que pertencem ao grupo varejista conterrâneo em dificuldades financeiras, o Casino Guichard-Perrachon, conforme relatado pelo Les Echos, sem divulgar as fontes.
O Carrefour também concorre pela compra de diversos hipermercados e supermercados do Casino, informou o jornal de negócios francês.
Segundo o Les Echos, o Carrefour pode oferecer de € 500 milhões a € 600 milhões (cerca de US$ 545 milhões a US$ 654 milhões) pela rede local do Casino, além de um valor extra pelos estabelecimentos adicionais.
No Brasil, o Casino é o controlador do GPA (Grupo Pão de Açúcar), fundado pela família Diniz, do empresário brasileiro Abilio Diniz. Depois de travar uma das mais acirradas batalhas legais do país no início da década passada, Abilio cedeu o controle do grupo varejista para o Casino, liderado por Jean-Charles Naouri.
Posteriormente, o empresário brasileiro montou uma posição relevante como acionista justamente do Carrefour global, com direito a um assento no conselho.
O Les Echos afirmou que outros grupos varejistas, incluindo Intermarché, Lidl e Leclerc, também podem apresentar propostas. O Casino deverá anunciar nesta segunda-feira (18) a qual grupo venderá os ativos.
Um porta-voz do Carrefour recusou-se a comentar. Um e-mail enviado fora do horário comercial para o departamento de comunicação do Casino não foi respondido imediatamente.
O Casino está prestes a mudar de mãos, possivelmente no começo de 2024, como parte de uma negociação para estancar a sua crise: o bilionário tcheco Daniel Kretinsky, em parceria com empresários franceses, acertou acordo em julho para assumir o controle que pertence a Naouri. Desde então, tem buscado equacionar o endividamento do grupo, o que inclui justamente medidas como a venda de ativos.
Segundo a Bloomberg News noticiou na semana que passou, o grupo de investidores liderado por Kretinsky disse a sindicatos franceses que o Casino corre o risco de colapso dentro de um ano se não vender hipermercados e supermercados não lucrativos, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto.
Representantes do grupo de investidores, juntamente com a administração do varejista francês, se reuniu com sindicatos na última quinta-feira (14), disseram as fontes, pedindo para não serem identificadas ao discutir informações privadas.
O grupo de investidores, que também inclui o veículo de investimento Fimalac e o fundo de crédito Attestor, tentou explicar uma decisão, ao lado da administração, de vender ativos da marca Casino, que são a essência da identidade do varejista de alimentos, e responder a perguntas, disseram as fontes.
Os cinco sindicatos presentes na reunião, por outro lado, alertaram sobre potenciais danos sociais “sem precedentes” na sede e na logística do grupo, assim como condições de trabalho degradadas nas lojas, em um comunicado conjunto. Outra reunião está marcada para terça-feira (19).
Fonte: Bloomberg Linea